Se tivesse sido hoje, a tal famosa expressão água suja do imperialismo teria sido inventada num brainstorm de uma agência de comunicação e não numa infindável reunião de um qualquer grupúsculo radical de extrema-esquerda. E sinal dos tempos: teria sido imediatamente registada®, que expressões destas valem dinheiro. O que já parece esquecido é como as ditas águas sujas travaram uma tremenda guerra comercial imperialista (acima) que se cruzou com outra tremenda guerra, essa ideológica e socialista, resultante da cisão sino-soviética.
Assim, a partir dos finais dos anos 1970 e ao longo da década seguinte, enquanto na China era permitido o consumo de Coca-Cola (acima), na União Soviética a bebida autorizada era a Pepsi-Cola (abaixo). Como os dois regimes eram amigos dos monopólios (sejam o da posse do poder, fosse o das bebidas adocicadas…), onde uma das águas sujas fora autorizada a outra estava banida, numa competição de refrigerantes que reproduzia de algum modo a rivalidade que se vivia entre nós entre os camaradas Álvaro Cunhal e Arnaldo Matos…
O que é estranho é que existisse autorização para se consumirem, tanto na China como na ex-URSS, quaisquer tipos de água suja do imperialismo americano.
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