19 junho 2012

A LIDERANÇA ALEMÃ

Sempre que há referências à política Europeia e ao papel decisivo nela representado pela Alemanha, os subentendidos do discurso apontam-nos para a visão estratégica de águias como Otto von Bismarck (1815-1898). Mas tomemos, para contraste, o exemplo de um outro estadista alemão de origem nobre, este que aparece na fotografia acima a fazer-nos lembrar o popular Manuel – Não Cantas Puto!... – Moura dos Santos. Lutz, Conde (Graf) Schwerin von Krosigk (1887-1977) foi o ministro das Finanças da Alemanha de Junho de 1932 (portanto ainda antes da chegada de Hitler ao poder) até Maio de 1945. Seria tão tecnocraticamente neutro que os nazis nem se incomodaram a afastá-lo. Isso que não quer dizer que não se mostrasse um ministro diligente, aplicado e preocupado.

Em Janeiro de 1945, a três meses do fim da Guerra, o ministro das Finanças compilou um inquietante dossier que foi distribuído pelas figuras gradas do III Reich como Hitler, Himmler, Bormann e Goebbels. Nele se estabelecia que a actual situação financeira e monetária do Reich se caracteriza pelo aumento acentuado das despesas militares, a diminuição das receitas fiscais, o aumento da moeda em circulação com a consequente diminuição do seu poder de compra – ou seja, a tão temida inflação… Por isso, concluía-se, era preciso contrariar urgentemente essas tendências inflacionistas, reduzindo as despesas governamentais, aumentando o preço das tarifas postais e ferroviárias e os impostos sobre itens como o tabaco, o álcool, os bilhetes de cinema ou as actividades hoteleiras...

Contudo, para quem pensar que Schwerin von Krosigk delirava enquanto propunha promover uma reforma fiscal num regime que se preparava para entrar no seu colapso total, diga-se que, meses depois, o almirante Karl Dönitz (1891-1980) o escolheu precisamente a ele para encabeçar o seu governo quando em Maio de 1945 sucedeu a Hitler. Durou umas três semanas esse tal governo que se mostrou incapaz de exercer qualquer autoridade numa Alemanha já quase toda ocupada pelos Aliados… Ao lado dos Bismarcks, há esta escola do pensamento político-administrativo na Alemanha cujos protagonistas se mostram capazes, em situações limite, de dar mostras de uma abstracção total diante de colapsos apocalípticos. Desconfio que Angela Merkel seja mais discípula desta última escola…  

1 comentário:

  1. Parece que vem à frente

    mas ainda não se apercebeu

    que está no banco de traz

    ResponderEliminar