A dívida pública portuguesa vai atingir os 118 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013 e não os 115 anteriormente previstos. Foi desta maneira encriptada que Vítor Gaspar anunciou que a execução orçamental está descontrolada. Se se reparar bem, um aumento equivalente a 3% do PIB já no próximo ano, mesmo que seja numa previsão, não constituem propriamente uns trocos e as explicações para aquela revisão em alta têm que vir necessariamente de factos já verificados durante a vigência do governo actual.
As explicações apresentadas por Vítor Gaspar foram: Esta revisão de três pontos percentuais decorre da revisão do PIB nominal para 2013, da execução do programa de apoio à economia local, de revisões contabilísticas entretanto efectuadas à dívida pública no final de 2011 e de alguns outros factores de importância quantitativa menor. Sendo um cartesiano e explicando os assuntos muito de-va-gar parece significativo que Gaspar não tenha decomposto o impacto de cada um daqueles factores para a formação dos 3%.
De resto, Vítor Gaspar reutilizou uma expressão que parece ter sido inventada recentemente pelos assessores do primeiro-ministro e para ser utilizada por ele em explicações complicadas: ele há desvios mas os desvios estão em linha. Também Vítor Gaspar teve que rever as suas previsões acrescentando que as previsões actuais estão em linha… – além do controlo orçamental clássico, tratar-se-á certamente de um conceito económico novo, este dos desvios alinhados, em contraste com outros desvios desalinhados ou em coluna…
Vítor Gaspar complementou a sua intervenção com notícias encorajadoras e algumas trivialidades. É difícil sustentar que a execução orçamental pudesse melhorar com uma mudança de protagonista. O ministro das Finanças parece manter interna e externamente o capital de credibilidade entretanto adquirido. Mesmo quando as notícias são más, e mesmo que o faça de uma forma amena, ele transmite-as. É um contraste saudável com os antecessores, que se passeiam agora como senadores, mas que em situações semelhantes, no fim martelaram as contas…
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