Este poste contém três imagens que sintetizam os três grandes projectos de unidade europeia a que a Europa assistiu nos últimos 200 anos. Começa-se pela pintura da Coroação de Napoleão (1804), da autoria de Jacques-Louis David, passa-se para a Proclamação do Império Alemão (1871), pintada por Anton von Werner, e chega-se finalmente à fotografia da Assinatura do Tratado de Roma (1957), de autor que não descobri. Se as escolhi foi porque cada uma delas contém o essencial da mensagem ideológica que esteve associado a cada um desses projectos, desde a magnificência cerimonial da coroação, ao militarismo das espadas desembainhadas da proclamação, a um certo cinzentismo administrativo da assinatura do Tratado.
Se qualquer dos quadros tem, cada um, o seu herói, um Napoleão que se coroa e um Bismarck que supervisiona a proclamação, a última fotografia é manifestamente neutra quanto a protagonismos, dando destaque idêntico aos doze signatários (dois por cada país) do Tratado, quer estivessem em representação dos 60 milhões de alemães ocidentais, quer dos 300 mil luxemburgueses. O projecto napoleónico morreu com o criador, o de Bismarck sobreviveu-lhe, mas teve o seu destino final junto ao entulho no Reichstag em 1945 e, como os dois anteriores, também esta tal Europa das nações do Tratado de Roma original já não passará hoje de uma longínqua memória, constate-se a importância incontornável do neologismo Merkozy...
Exatamente. Mas continuamos na ilusão da continuação do último projeto europeu.
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