A história recente da Europa Central contém vários episódios que foram descritos e baptizados de formas convenientes, embora a realidade não resista a uma investigação mais aprofundada sobre aquilo que se passou. Um exemplo emblemático dessa camuflagem é a Áustria nazi e Música no Coração. Outro exemplo é o designado Divórcio de Veludo (depois da Revolução de Veludo), expressão que foi adoptada para descrever a separação da Checoslováquia em dois países em 1993 (veja-se o mapa acima). O veludo, como sinónimo de discrição e suavidade, parece-me aqui excessivo, e só se justificará por ter sido empregue por inércia e para exacerbar o contraste com aquilo que simultaneamente estava a acontecer na Jugoslávia.
Aprecie-se esta fotografia acima, tirada provavelmente na época (também da autoria de Jindřich Štreit), onde aparece um homem a carregar metade de um daqueles grandes mapas escolares de parede para um destino qualquer. Analisando-o com atenção, percebe-se que se trata da metade eslovaca daquilo que fora um mapa completo da Checoslováquia (veja-se o realce das fronteiras abaixo, com a imagem invertida). Resta-nos especular o que é que aquele camponês pretenderia fazer com aquele farrapo de mapa: guardá-lo ou deitá-lo fora?... Tudo terá dependido da sua nacionalidade, checa ou eslovaca, porque, para além dos títulos de imprensa, o veludo é como o verniz, estala e estraga-se com muita facilidade…
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