Regressemos a 1975, ao PREC e façamos a justaposição de dois cartazes do período eleitoral das primeiras eleições livres para a Assembleia Constituinte a 25 de Abril. À esquerda, um dos do CDS, institucional e ainda muito sóbrio considerando os padrões daquilo que viriam a ser no futuro os cartazes de campanha. À direita, um dos do MFA (copiado daqui) que se afixava no quadro das suas campanhas de dinamização cultural e acção cívica. (leia-se a tarjeta inferior).
É impossível não reparar na semelhança simbólica, que é difícil de atribuir a uma coincidência. Aliás, outra coincidência é a cor dominante, a cor de laranja, por acaso precisamente a mesma do outro partido concorrente considerado reaccionário a par do CDS: o PPD. Tudo isso só não seria anacrónico se o MFA também fosse um concorrente às eleições. Só que não era e o pretexto formal por detrás da edição daqueles cartazes era o esclarecimento político do povo português.
A história registou que afinal ⅓ do povo português resolveu fazer o jogo da reacção e, por acaso, esses dois partidos formam hoje a maioria parlamentar que apoia o governo. É oportuno evocar estes episódios menores quando se assiste à cena armada por alguns antigos oficiais do MFA, feitos juízes do que será hoje a legitimidade democrática. É bonita a modéstia e que se lembrem das asneiras que se fizeram a coberto da sigla que dizem ainda hoje representar.
São os novos intérpretes da vontade do povo.
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