Já por várias vezes aqui me referi à excelência de alguns cabeçalhos do Google. Mas o de hoje tem um travo ainda mais especial, ao lê-lo em português, mesmo escrito nas barbas da figura, não interessa se o do Acordo ou não. A efeméride é o 170º aniversário do nascimento de Antero de Quental, um poeta português de origem açoriana, que creio ser daqueles autores que é muito mais evocado do que propriamente lido.
Veja-se por mim, confesso, que o que mais me intriga na vida e obra de Antero de Quental é a questão técnica do seu suicídio, com dois tiros de caçadeira disparados na boca num banco de jardim de Ponta Delgada. Dois tiros?... Como é que conseguiu dar o segundo tiro? Ou tratava-se de uma daquelas caçadeiras de gatilho duplo? Associando-nos ao evento, adicionemos-lhe mais nostalgia, evocando a figura de Quental nas antigas notas de cinco contos!
Veja-se por mim, confesso, que o que mais me intriga na vida e obra de Antero de Quental é a questão técnica do seu suicídio, com dois tiros de caçadeira disparados na boca num banco de jardim de Ponta Delgada. Dois tiros?... Como é que conseguiu dar o segundo tiro? Ou tratava-se de uma daquelas caçadeiras de gatilho duplo? Associando-nos ao evento, adicionemos-lhe mais nostalgia, evocando a figura de Quental nas antigas notas de cinco contos!
Também tenho essa impressão do Antero de Quental -- muito mais invocado que lido.
ResponderEliminarE invocado porque fez parte do grupo de Eça de Queirós.
Do que tentei ler de Antero -- alguma poesia -- não me tocou por aí além.
Fiquei com a ideia que Antero devia ser, ao vivo, muitíssimo mais interessante do que aquilo que deixou escrito.
Seria provavelmente um sujeito bipolar -- hoje brilhantíssimo, amanhã debaixo de uma depressão monumental.
E esta opinião é apoiado no In Memorian que lhe dedicaram os amigos (Eça, Ramalho, Oliveira Martins, etc) quando ele se suicidou.
Tanto quanto sei, Antero não se matou com tiro de caçadeira. Comprou um revolver no dia 11 de Setembro e utilizou-o para se matar. O primeiro tiro foi dado na boca mas a bala saiu pela cana do nariz, não o matando. A seguir é que dá o segundo tiro, fatal mas que ainda assim não lhe terá causado morte imediata.
ResponderEliminarMorreu cerca de uma hora depois.
Esta informação tirei-a da sua biografia escrita por Bruno Carreiro.
Quanto à figura em si, conconrdo inteiramente com o comentário anterior.
Agradeço aos dois os vossos comentários.
ResponderEliminarSão daqueles que vale a pena relevar pois enriquecem o que ficou escrito no texto.
Eu bem sei que o rigor pode ser aborrecido mas, quanto à questão dos dois tiros - que aqui fica definitivamente esclarecida - fica para mim claro que a descrição do suicidio de Antero de Quental terá sido afectada pelas "liberdades poéticas" comuns na época.
Tentou suicidar-se com um mas suicidou-se de facto com o OUTRO tiro...