13 novembro 2011

EVOCAÇÃO DE BOLESLAW BIERUT

A Polónia viveu anos de chumbo durante o decénio que se seguiu ao fim da Segunda Guerra Mundial. O conflito fizera com que o país sofresse enormes perdas humanas e materiais. A capital fora destruída pelos alemães na sequência da Insurreição de Varsóvia no Verão de 1944. Por fim, a Polónia fora empurrada algumas centenas de quilómetros para Oeste (mapa acima), perdendo 180.000 km² para a União Soviética no Leste (a azul-claro) para ganhar 102.000 km² da Alemanha a Ocidente (a amarelo). No processo, houve milhões de alemães e de polacos que foram expulsos das suas terras.
Quem dava a cara por um regime assim tão conformista com os desejos soviéticos era um militante incondicional de sempre de olhar triste que dava pelo nome de Boleslaw Bierut (acima, ao centro). A carreira cinzenta de Bierut acentuava o tom de chumbo do regime que encabeçava. Se Bierut tinha um predicado, era o de ser um sobrevivente das purgas que dizimaram o Partido Comunista Polaco (PCP) no final da década de 1930, onde se acumulou a paranóia da Yezhovshchina com a hostilidade histórica dos russos por tudo aquilo que fosse polaco. Stalin decidira-se a extinguir o PCP em 1938.
Contudo, as vicissitudes da Segunda Guerra Mundial fizeram com que Stalin se tivesse decido a fazê-lo renascer em 1943 sob uma outra designação (Partido dos Trabalhadores Polaco), mas como um instrumento da estratégia diplomática russa, sob um completo controlo de Moscovo. Boleslaw Bierut tornou-se a cara (triste) dessa submissão e dessa falta de liberdade e não havia esforços de promoção da sua imagem (acima, por ocasião do 59º aniversário) que modificasse a situação. E nada melhor simbolizará essa subordinação do que o exemplo da carreira política do Marechal Rokossovsky (Rokossowski em polaco).
Konstantin Rokossovsky foi um dos grandes Marechais soviéticos da Segunda Guerra Mundial. Acessoriamente, como o seu nome indica, era de ascendência polaca embora tivesse passado toda a sua vida adulta como soviético. 35 anos depois, Rokossovsky naturalizou-se polaco vindo a tornar-se Ministro da Defesa e depois Vice-Presidente do Conselho de Ministros polaco (acima). Neste cartaz abaixo e apesar de nele se ler Amizade Polaco-Soviética pela Paz e Independência e Felicidade Futura da Nossa Pátria, as expressões de Stalin e Bierut sintetizam tudo o que haverá para dizer sobre aquela década (1945-56).
Todos os países com Histórias multicentenárias (a da Polónia é milenar) já atravessaram momentos difíceis de submissão ao exterior como foram aqueles anos do regime de Bierut. Na época em que isso acontece, os protagonistas políticos costumam argumentar que, por muito desagradável que o seja, não há outra opção senão a conduta por eles escolhida. Há que reconhecer que, nesse momento político, é sempre muito difícil contradizer aquela opinião: foi assim com a Polónia de Bierut, foi assim com a França de Pétain. Mas reconheça-se também que a História se torna implacável para com aqueles que apostaram no cavalo errado

2 comentários:

  1. Que foto estranha -- o nosso PM com um ar atento, venerador e obrigado e a sra Merkel, polegarzinho arrebitado, e um ar de professora do antigo ensino primário (aquele em que se usava a palmatória como corretor pedagógico).

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  2. Não sei se este assunto tem muito a ver nas se Alemanha manda e na Alemanha manda um alemão ainda vá que não vá.
    Já fiu um corso a mandar na França, um georgiano na Rússia ou um austríaco na Alemanha?
    É que se a vontade de manter os gregos (ou talvez os Tugas) no Euro dependesse da Aústria, Holanda ou da Dinamarca o cavalo já nem em Tróia estava.

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