
Descobri ontem, ao mencioná-lo, como as biografias disponíveis
on-line a respeito de Antoine de Saint Exupéry se mostram
relutantes em se referirem à sua presença como repórter na Espanha da Guerra Civil de 1936-39. Talvez porque, ao contrário dos seus homólogos
Ernest Hemmingway (também como jornalista) ou
George Orwell (este como combatente), Saint Exupéry tivesse acompanhado a guerra do
outro lado: o dos nacionalistas. Conhecendo as suas
origens sociais aristocráticas não se tornará difícil descortinar em que sentido se orientariam as suas simpatias políticas nessa década de frentismos e extremismos onde, na própria França, a
Frente Popular acabara de chegar democraticamente ao poder e onde Saint Exupéry pertenceria
geneticamente à oposição.

Porém, para quem actualmente se encarrega de cuidar da sua imagem, Antoine de Saint Exupéry é sobretudo o autor de
O Principezinho – muito mais do que
Voo na Noite ou
Piloto de Guerra – uma obra consensualmente aclamada, o que fará com que
a sua biografia tenha de ser acolchoada dessas controvérsias políticas. Não deixa de ser paradoxal, porque o conhecimento dos factos revela-nos um Saint Exupéry que se mostrou sobretudo
desencaixado das facções políticas da época: conservador
mas denunciando o antisemitismo e contrário à coabitação com a Alemanha proposta por
Vichy, o que o levou a alistar-se como piloto na
Força Aérea da França Livre em 1943. Porém, essa atitude não o impedia de demonstrar simultaneamente um desdém não disfarçado pelo general de Gaulle…

Antoine DE Saint-Exupéry!
ResponderEliminarO "DE" tem que se lhe diga...
Não sei quem foi que escreveu:
"Etre DE quelque chose ça pose quelqu'un, comme être de Garenne ça pose un lapin", o que explica bem a força do "DE"!
Além da partícula há a questão do hífen.
ResponderEliminarLembro-me de ter lido algures que Saint Exupéry passou a insistir no seu uso quando esteve nos Estados Unidos onde havia jornalistas que o tratavam por Mister Exupery...