
A propósito das
eleições espanholas de ontem, lembrei-me de evocar um episódio que já se passou há
muuuuitos anos - tantos que Jorge Nuno Pinto da Costa era então um recém-empossado presidente do Futebol Clube do Porto e Manuel Carvalho da Silva ainda não dirigia a
Intersindical… O
PSOE acabara de ganhar
as eleições gerais espanholas de Outubro de 1982 e
Vasco Lourinho, o inesquecível correspondente da
RTP em Madrid, tentava-nos dar uma ideia de quem seriam as novas figuras chaves do poder. A começar por
Felipe Gonzalez, passando pelo seu vice
Alfonso Guerra.

Por detrás do líder do partido (acima, à esquerda), Alfonso Guerra aparecia como o
braço direito de Gonzalez, aquele que desempenhava o papel do homem de confiança, que
controla o aparelho partidário e trata dos negócios mais
delicados (sórdidos) do partido. Quando Vasco Lourinho, num momento pedagógico, procurou encontrar uma figura correspondente entre os socialistas portugueses proeminentes de então viu-se em
palpos de aranha: não havia figura do
PS que, junto de Soares, se encaixasse no
papel de Alfonso Guerra…E assim se despediu
Vasco Lourinho, desde Madrid, para a RTP...

O tempo passou, Alfonso Guerra abandonou o poder na sequência de um escândalo de corrupção e tráfico de influências
protagonizado pelo seu irmão Juan (1991) e o
PS português chegou ao poder (1995) liderado por alguém com a mesma
relutância de Gonzalez em se imiscuir no
lado negro da política: António Guterres. De imediato, o
PS precisou do
seu Alfonso Guerra: Jorge Coelho (acima). Vasco Lourinho já não teria tido necessidade de puxar pela imaginação... E o protagonismo de Miguel Relvas (abaixo) parece mostrar que
essas necessidades têm mais a ver com
o perfil do líder do que com a ideologia do partido…
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