09 outubro 2019

UMA EVOCAÇÃO AO MAIS FAMOSO DEPUTADO DA EXTREMA ESQUERDA

Em ocasião em que se discute com apreensão a entrada no parlamento português do primeiro deputado da extrema direita, parece vir a propósito fazer uma evocação a Acácio Barreiros da UDP, aquele que foi o mais famoso deputado da extrema esquerda da história do nosso parlamento entre 1976 e 1979. Nem de propósito, a 9 de Outubro de 1979, cumprem-se hoje precisamente quarenta anos, era notícia a sua saída da UDP, como consequência da sua substituição nas listas eleitorais pelo major Mário Tomé. A prazo, a decisão acabou por se revelar um verdadeiro tiro no pé. Ficando por saber se a continuidade de Acácio Barreiros poderia ter travado a decadência do partido, ficou a constatação de que a sua substituição por Mário Tomé no hemiciclo não o conseguiu. Se, em 1979, a UDP ainda estava numa dinâmica ascendente em termos de captação de votos, atraindo os anteriores votantes nas outras formações radicais de esquerda em desaparecimento, em termos de quadros, acompanhando Acácio Barreiros, registava-se uma sangria desatada de abandonos da organização, de nomes que nos serão agora tão surpreendentes e díspares como o ex-ministro Jorge Coelho, o ex-ministro Nuno Crato, o pomposíssimo pensador João (Carlos) Espada ou o radicalíssimo publisher do Observador, José Manuel Fernandes. As consequências pagar-se-iam: dali por quatro anos, nas eleições de Abril de 1983, Acácio Barreiros estava de volta ao hemiciclo, agora eleito nas listas do PS, enquanto Mário Tomé, se via fora dele, por decisão do povo, que é quem mais ordena... Conhecido inicialmente por ser um deputado que votava contra literalmente tudo o que era apresentado à discussão, hoje evoca-se o já falecido Acácio Barreiros com uma certa bonomia. Estas coisas dos extremismos no parlamento parecem mais graves do que as circunstâncias podem vir a revelar.

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