(Também) 27 de Outubro de 1969. O jornal do dia seguinte ao das eleições legislativas que haviam decorrido em Portugal, as primeiras sob a égide do marcelismo, descrevia-as de uma forma gráfica, sem necessidade de explicações, neste quadro acima, publicado numa das páginas do interior do jornal (p. 10). O escrutínio prosseguia sob um entusiasmo mortiço, consubstanciado nos vários campos em branco do quadro, que a demora na publicação dos resultados oficiais dificilmente se explicaria pela carga de trabalho. Exemplos: houvera 90.702 votantes no primeiro distrito do quadro, Aveiro; serão 330.999 em Abril de 1975 (3,65 vezes mais); houvera 19.224 votantes no distrito seguinte, Beja, que se transformarão em 129.191 em Abril de 1975 (6,72 vezes mais); e assim sucessivamente. Mas o que retirara interesse jornalístico ao acto eleitoral era a ausência de disputa eleitoral e de emoção. Se a «vitória da oposição na Baixa da Banheira» se transformava numa notícia, era porque as eleições em geral não tinham tido interesse nenhum.
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