05 novembro 2013

O 11º ANIVERSÁRIO DA INDEPENDÊNCIA DO TOGO

Vale a pena recordar estas imagens das cerimónias do 11º aniversário da independência do Togo em 1971. Presididas já então pelo Presidente togolês, o General Gnassingbé Eyadema, então com 35 anos e uma folha de serviços enriquecida com dois golpes de estado (1963 e 1967) que tinham deposto dois presidentes civis e que o tinham catapultado de uma patente subalterna no exército até à de um dos generais mais jovens da história africana, a cerimónia era abrilhantada pela presença, ao lado do Presidente Eyadema, do Ministro de Estado e da Defesa Nacional da França, Michel Debré. Aliás, a tutela francesa, antiga potência colonial, era perfeitamente visível desde o início do desenrolar das cerimónias, que começaram por uma parada militar no formato clássico europeu, uma exibição de poder dos homens e dos equipamentos - estes, todos franceses...

O cunho africano da cerimónia começa a partir daí, com a componente civil do desfile, onde os grupos que passam aparecem identificados como associações de revendedoras de tecidos, de perfumes (empunhando os seus produtos), de cigarros (cada uma com um ao canto da boca!) e de vegetais, administrativos que parecem fardados de porteiros, um pelotão de ciclistas, para o fim do desfile este perde totalmente a dignidade inicial e já se assemelha a um desfile de carnaval no sambódromo… Porém, por muito caricatos que agora nos pareçam, trata-se de esforços empenhados do regime de Eyadema em exibir um Estado capaz de agregar as forças vivas de uma nação onde, apesar da sua pequenez¹, coexistiam 21 grupos étnico-linguísticos. O regime de Eyadema durou 38 anos: menos do que Kim Il Sung, mas mais do que Salazar.
¹ Cerca de dois milhões de habitantes (à época) em 56.785 km².

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