17 julho 2013

VOCÊ PRECISA É DE TOMAR BANHO…

Tempo de Verão foi sempre tradicionalmente época de apogeu do ciclismo, acicatado pela comunicação social que assim colmatava aqueles meses de ausência de futebol. O vídeo abaixo é a cobertura noticiosa da 5ª etapa da Volta a Portugal em 1959 feita pela então quase recém-nascida RTP (acima). Mais interessante do que o nome do vencedor, o ciclista Azevedo Maia do Futebol Clube do Porto, ou das vicissitudes da etapa que se disputou na tarde de 4 de Agosto entre Portimão e Tavira (113 km), nota-se no entrevistado os jeitos de uma sociedade que era então ainda rústica, mas onde de há muito desapareceu essa humildade, em contraste com o entrevistador, fazendo as perguntas e dando as respostas, mostrando já os tiques de condescendência que ainda hoje podemos encontrar com frequência quando as vedetas da TV entrevistam o povo. Que a entrevista termine com uma recomendação dita de uma maneira tão imperativa que poderia passar por equívoca, como se o entrevistado estivesse a cheirar tão mal que precisasse de tomar banho de imediato, é apenas a ironia final de uma entrevista em que nem entrevistado nem entrevistador têm jeito para aquilo…

1 comentário:

  1. Confesso que não tinha consciência de que os tiques assinalados já viessem de tão longe. Que são irritantes, são.
    Falando de reportagens, está absolutamente instalada uma fórmula que me faz urticária e me tira do sério: Quando um repórter tem por missão captar um momento ou uma passagem do discurso de alguém, sendo que esse alguém já está a falar, não só é incapaz de colocar rapidamente em on a voz da pessoa em causa, que percebemos estar a falar enquanto o repórter faz uma demorada e desinteressante introdução (em que frequentemente chega mesmo a avançar o que na sua opinião o orador provavelmente dirá), como também não prescinde de, antes de dar por finda a “reportagem” e após os breves instantes em que nos permitiu ouvir o orador de viva voz, fazer um resumo do (pouco) que foi dito (as mais das vezes repetindo precisamente o que acabou de se ouvir, não vá dar-se o caso de não termos percebido à primeira ou de precisarmos de um tradutor).
    Nessas alturas apetece-me mesmo dizer: Vai tomar banho, ó melga!

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