Quando, há coisa de uns quatro meses e meio, João Miguel Tavares escreveu no Público um artigo onde identificava dez colegas seus que o governo já havia requisitado aos quadros do Diário de Notícias (acima, clicar para ampliar), houve quem (como eu) esperasse um sobressalto cívico da classe, secundando o do autor, numa reacção desconfortada a uma situação que parecia obviamente incómoda - política e profissionalmente. Todavia, não só nada aconteceu, como o tempo desde então decorrido já provocou algumas mudanças na situação política que parecem não ter tido impacto envergonhadamente redutor na profusão das requisições.
Mais: alguns das requisições tornaram-se mais bem requisitadas, como aconteceu com o caso de Francisco Almeida Leite, promovido de vogal da administração do Instituto Camões para secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação. Pelo contrário, a outras requisições que se deixaram de se justificar, caso de Luís Naves e Pedro Correia, dados acima como assessores de Miguel Relvas, ministro que se demitiu já vai para três meses, perdeu-se o rasto, mas não terão regressado ao seu jornal: a última notícia assinada por Naves, por exemplo, data de 23 de Agosto de 2012. Alguém me pode informar do paradeiro dos dois ex-assessores de Miguel Relvas?...
Eu bem sei quanto se tornou socialmente mais comum valorizar as indignações intensas do que estas indignações extensas, mas esta curiosidade a destempo será coisa desencadeada pela temperatura que se faz sentir que, em tempos de calor, me indica quanto esta promiscuidade fluída entre a política e o jornalismo parece-me estar a ser tratada pelos agentes da comunicação social portuguesa com uma indiferença que é tão fresca como aquele antigo anúncio da água do Luso: tão natural como a sua sede…
Mais: alguns das requisições tornaram-se mais bem requisitadas, como aconteceu com o caso de Francisco Almeida Leite, promovido de vogal da administração do Instituto Camões para secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação. Pelo contrário, a outras requisições que se deixaram de se justificar, caso de Luís Naves e Pedro Correia, dados acima como assessores de Miguel Relvas, ministro que se demitiu já vai para três meses, perdeu-se o rasto, mas não terão regressado ao seu jornal: a última notícia assinada por Naves, por exemplo, data de 23 de Agosto de 2012. Alguém me pode informar do paradeiro dos dois ex-assessores de Miguel Relvas?...
Eu bem sei quanto se tornou socialmente mais comum valorizar as indignações intensas do que estas indignações extensas, mas esta curiosidade a destempo será coisa desencadeada pela temperatura que se faz sentir que, em tempos de calor, me indica quanto esta promiscuidade fluída entre a política e o jornalismo parece-me estar a ser tratada pelos agentes da comunicação social portuguesa com uma indiferença que é tão fresca como aquele antigo anúncio da água do Luso: tão natural como a sua sede…
Este é um postal pobre, e porque parte de um texto pobre. Um mal do Estado é a sobrenomeação? Poderá ser. E de jornalistas? Talvez. Mas este tipo de escrutínio acaba por redundar num mero charco. Anda V. à procura de a ou de b? [está no texto] O Pedro Correia, que é um tipo muito decente, escreve num blog muito lido (aliás, em três). Editou um livro há pouco e a esse propósito foi entrevistado na rádio. A entrevista foi ligada no seu blog privilegiado e ele discorre aí, ainda que lateralmente, sobre o que faz. Numa simplicidade que lhe desmontaria os implícitos deste texto. Em suma, este não é o caminho.
ResponderEliminarEu só tenho razões para aceitar a sua palavra que o Pedro Correia é “um tipo muito decente”. Não foi por acaso que na fotografia que transpus, incluí o 3º parágrafo do texto onde João Miguel Tavares dá a sua opinião sobre a heterogeneidade do grupo, onde chega a referir que lá tem uma amiga. E eu secundo-o nessa apreciação que o problema original não se pode pôr em termos pessoais – mas trata-se de dez-jornalistas-dez, como o autor do texto começa por frisar no parágrafo inicial. Tentei aliás investigar qual é a dimensão do quadro de jornalistas do Diário de Notícias para tentar perceber qual o impacto que o número de requisitados poderá ter na actividade do jornal, mas, falho de dados, acabei por tomar por boa a referência implícita no texto de João Miguel Tavares.
ResponderEliminarO curioso, neste país onde as indignações se vivem de forma intensa e ultrajada (vide o recente episódio da metáfora de Assunção Esteves), foi a discrição que acolheu aquele texto, talvez por incluir tipos “muito decentes”. Ninguém nega o problema (o José Pimentel Teixeira diz-nos que “pode ser” e que “talvez”) nem a hipocrisia do discurso apontada por João Miguel Tavares. Mas, quatro meses e meio depois, ocorreu-me reavivar o assunto que era para estar esquecido, adaptando-o aos desenvolvimentos políticos entretanto ocorridos. São eles e só eles que fizeram com que eu tivesse dado destaque ao nome de “tipos muito decentes” e a um outro tipo que, segundo consta, tem uma reputação “muito mais indecente”, mas apenas para realçar que a situação exposta por João Miguel Tavares permanece.
Quanto ao verdadeiro paradeiro de Pedro Correia, depois de constatar que não regressara ao Diário de Notícias, a pergunta que ali insiro torna-se retórica - pelos vistos e no seu caso fracassei em conseguir que fosse lida assim.