Já aqui escrevi sobre a Depuração na França de 1944 num poste que ilustrei com fotografias notáveis, algumas da autoria de fotógrafos famosos como Henri Cartier-Bresson. Contudo, sendo a obra de Robert Capa (acima) um dos casos que não perderá em notoriedade para a de Cartier-Bresson, confesso que não conhecia este conjunto de fotografias abaixo, que ele tirou na mesma França de 1944, a pretexto dessa mesma depuração.
Feitas em Chartres em 18 de Agosto de 1944, quando da libertação da cidade, elas mostram-nos, quase em jeito de reportagem, as cerimónias que acompanharam a punição das mulheres que viviam com militares alemães, desde a convocatória inicial, acompanhada por um guarda armado, onde a intimada já podia deduzir aquilo que lhe ia acontecer, pelas madeixas de cabelo das antecessoras que se espalhavam pelo chão.
Feitas em Chartres em 18 de Agosto de 1944, quando da libertação da cidade, elas mostram-nos, quase em jeito de reportagem, as cerimónias que acompanharam a punição das mulheres que viviam com militares alemães, desde a convocatória inicial, acompanhada por um guarda armado, onde a intimada já podia deduzir aquilo que lhe ia acontecer, pelas madeixas de cabelo das antecessoras que se espalhavam pelo chão.
Depois do corte, seguia-se um passeio pelas redondezas para exibição do visual para gáudio da vizinhança, aparentemente protegido por uma escolta policial. E no caso escolhido por Robert Capa a depuração/depilação envolveu tanto uma mãe (abaixo, de vestido mais escuro) quanto a sua filha (de vestido mais claro) que transportava ao colo um bebé – muito provavelmente a prova do pecado... – para amenizar a hostilidade da multidão.
Mas é a última fotografia, que foi possivelmente encenada por Capa ao arrepio das conveniências daquela época, que sintetizará o episódio. Se na filha, abúlica, o espírito parece ser já de resignação, na mãe consegue ler-se ainda o seu ultraje numa cara que nem por isso deixa de ser ridícula por causa da carecada. Mas o centro da fotografia é o bebé, tanto pelo biberão vazio da avó, como pela inocência do seu sono enquanto chupa o dedo.
Quandos os artistas são bons, eles conseguem sempre através da sua obra transmitir-nos as suas emoções. A questão da popularidade das suas obras que aqui também se coloca é se nós, a audiência, estaremos dispostos a receber todas as emoções que o artista nos quer transmitir...
Quandos os artistas são bons, eles conseguem sempre através da sua obra transmitir-nos as suas emoções. A questão da popularidade das suas obras que aqui também se coloca é se nós, a audiência, estaremos dispostos a receber todas as emoções que o artista nos quer transmitir...
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