15 março 2012

A LOTA DE MATOSINHOS

O acontecimento estava a ser acompanhado por dezenas de jornalistas, incluindo os da rádio e da televisão e o incidente veio a abrir telejornais e a fazer correr rios de tinta, mas se hoje procurarmos imagens dele na internet encontraremos pouco mais do que o instantâneo que aparece aí abaixo. Nele António Sousa Franco, que encabeçava a lista do PS às eleições europeias de 2004, aparece rodeado, no meio de um ambiente sacudido, de Narciso Miranda (à esquerda) e Manuel Seabra, dois baronetes desavindos da concelhia socialista de Matosinhos. Estava-se a 9 de Junho de 2004, era uma das últimas acções de campanha do PS nessas eleições marcadas para dia 13 e escolhera-se a lota de Matosinhos, um local que parecia adequado a uma boa cobertura mediática – contava-se com a tradicional exuberância das peixeiras… – num concelho que sempre fora um bastião socialista. Não se contou foi com a guerra civil local que opunha o presidente da câmara (Miranda) ao dirigente da concelhia (Seabra), que transbordou para os seus seguidores presentes no local – sobretudo as famosas peixeiras!
Recordo uma cena em que António Costa (o segundo da lista socialista) tentava minorar diante das câmaras o desastre mediático, apelando pedagogicamente à unidade, realçando que o importante era o PS, apenas para ser fulgurantemente desautorizado por uma das presentes mais entusiasmadas: Não é nada! O Seabra é que é! Enquanto isso, o cabeça de lista Sousa Franco fazia uma triste figura de si próprio, fazendo-se de desentendido às perguntas que lhe faziam sobre a barracada que estava a decorrer… Quis o destino que Sousa Franco sofresse um ataque cardíaco fatal imediatamente após os incidentes. E um dos traços mais marcantes da antropologia nacional é que um defunto deixa de ter defeitos… Assim foi também com Sousa Franco, e as acusações que aquela campanha eleitoral já produzira, incluindo algumas de particular mau gosto, como as do travesso João Almeida (abaixo) e de Ana Manso (essa mesma que, recentemente, nomeou e desnomeou o marido em 48 horas) a respeito da orelha congenitamente defeituosa de Sousa Franco foram graciosamente esquecidas

Sem comentários:

Enviar um comentário