Agora que a campanha eleitoral terminou, vale a pena regressar a dois episódios de campanha envolvendo, por ordem cronológica, José Sócrates num debate com empresários e Pedro Passos Coelho numa feira. No primeiro caso, o interlocutor, um empresário, como considerando a uma pergunta que iria fazer, manifestava ter um problema essencial com o interpelado porque os actos deste último não reflectiam as suas palavras – e José Sócrates respondeu-lhe proporcionalmente dizendo-lhe: não gostei. E explicou: não lhe reconhecia nenhuma autoridade moral para produzir tais considerações.
Menos sofisticada, a reacção duma feirante à passagem de Passos Coelho foi igualmente grosseira: Umas galochinhas e uma enxada para o campo. É o que vocês precisam. E também aqui a reacção de Passos Coelho foi proporcional, perguntando à autora dos insultos se ela trabalhava de enxada (não) e propondo-se ser ele a oferecer uma enxada a ela para que as suas recomendações tivessem fundamento. O que é mais engraçado é que o comportamento típico de quem escreve nos blogues foi o de criticar o comportamento de um dos políticos num dos casos, e defender o outro no outro, de forma cruzada…
Foram raros os casos em que as opiniões manifestadas quanto a estes dois episódios fossem coincidentes, tivesse sido na condenação do comportamento dos dois políticos ou na sua defesa. Como objectivo de campanha, até se adivinham os parágrafos de explicações justificando as diferenças dos dois episódios. Eu pessoalmente acredito que não é coerente criticar a importância crescente da cenografia na política moderna (o que transforma os políticos quando em público em meros actores) e negar-lhes a possibilidade de reagirem de forma genuína quando confrontados com acusações que eles considerem injustas…
¹ Três ocasiões em que, segundo Bismarck, nunca se dizia a verdade…
14 junho 2011
ANTES DAS ELEIÇÕES, DURANTE A GUERRA, DEPOIS DA CAÇADA¹…
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