
Na minha modesta opinião, há muito, muito tempo, o futebol começou por ser um desporto, popular pela sua simplicidade; depois tornou-se um espectáculo, com uma assistência crescentemente maior, a ponto de não ser possível concentrá-la fisicamente num mesmo local, daí os relatos e as transmissões; e hoje é um negócio, com um volume de negócios impressionante à escala mundial, onde já não há espaço para erros e pouco para o sentimentalismo.
A análise e as observações de António Cagica Rapaz, sustentadas pela sua experiência em primeira-mão enquanto jogador, são extremamente pertinentes para a fase do futebol espectáculo, quando o vermelho faria mais contraste com o amarelo do Paços de Ferreira, e a cor e o emblema galvanizariam os membros da equipa. Hoje, suspeito que tanto faz.
Hoje, o futebol profissional puro e duro encontra-se desprovido de qualquer simbologia substancial no que respeita aos participantes directos. Exemplo? Mandem-se os elementos da equipa do Benfica cantar o hino do "seu” clube… A simbologia que ainda resta parece-me estar agora reservada para o futebol de selecções.
O que se torna paradoxal é a forma comprometida como organismos como a FIFA e a UEFA ainda fazem um jogo de faz de conta pretendendo que as coisas não tem evoluído, só os montantes em disputa e circulação do dinheiro é que têm vindo a crescer.
Um exemplo engraçado, e abafado, ocorreu no último Mundial de 2002, quando a RAI comprou os direitos de transmissão televisiva (que haviam quintuplicado ou decuplicado em relação ao Mundial anterior) na expectativa de ver a Itália chegar próximo da final do torneio. Ora a Itália acabou por ser afastada por uma arbitragem medonha no jogo com a Coreia do Sul (o que também acontecera a Portugal e à Espanha).
Como aconteceria em qualquer outro negócio, a RAI manifestou a intenção de processar a FIFA por erro técnico grosseiro (a arbitragem) causador de perdas e danos – as audiências que a RAI deixaria de ter pela eliminação prematura da equipa italiana. Mas o assunto acabou abafado nos sussurros dos corredores*…
Por isso, a minha recomendação para quem aprecie verdadeiramente futebol é que levante o rabo do sofá e vá ver os jogos de juniores, juvenis ou iniciados… Algo de verdadeiramente inocente (às vezes…). Ou isso, ou mude de modalidade ou de entretenimento…
* Como é legítimo suspeitar que algo de muito semelhante - um acordo informal - tenha estado por detrás da benevolência da sanção a João Pinto depois do soco ao árbitro argentino...
Agradeço a amável referência e a posterior abordagem a outras facetas deste futebol que perdeu toda a sua autenticidade e que constitui apenas um negócio de dimensões incalculáveis e um terrível motor de alienação.
ResponderEliminarNo tal Mundial de 2002, a arbitragem levou (até onde foi possível chegar o descaramento) ao colo a Coreia do Sul, sim senhor, mas também o Brasil que, sem os apitos celestiais, talvez não tivesse vencido a Turquia, primeiro, nem a Bélgica, depois.
Quanto aos episódios rocambolescos que envolveram a nossa rapaziada, continuamos à espera dos relatórios...
Hoje, lamento dizê-lo, nem os miúdos escapam à miragem da glória e do dinheiro grande. Os clubes contratam crianças com 10 anos e os pais investem neles, se calhar por verem que não virão a ter reformas decentes.
Enfim, é apenas futebol. Naturalmente, os sucessivos governos não são responsáveis por 10 estádios, por dívidas ao fisco e à Segurança Social nem por mil escândalos que todos conhecemos.
O futebol é um romance de amor, platónico, lírico, inocente, à imagem de S. Valentim...
Para não falar de São Gilberto que, sobre a lama, é aquilo que o Titanic prometeu e nunca conseguiu ser sobre a água: insubmersível.
ResponderEliminarUm dos feitos inesquecíveis do inefável Gilberto foi ter despedido (por fax) um seleccionador (António Oliveira) que nem contrato tinha assinado.
ResponderEliminarPergunta-se : qual foi o montante da indemnização paga ao sr.Oliveira?