11 maio 2006

ALIEN, O OCULTO DO CONGRESSO

Foi com algo parecido com o Alien que José Pacheco Pereira comparou ontem a inclusão do PP (e a sigla pode ser entendida aqui num sentido restrito, pessoal, ou num sentido mais lato) dentro do CDS no programa Quadratura do Círculo da SIC Notícias de ontem (a propósito, já estava com saudades, Paulo Gorjão).

Lobo Xavier lá tentou temperar a imagem, contradizendo a tese anterior, a de que o PP está a corroer o CDS por dentro, explicando que nem o PP é um Alien feroz, nem o CDS é um pacato Humano que se deixa devorar placidamente. Mas a ferocidade da metáfora poderá ser um bom indicador da conta em que José Pacheco Pereira tem Paulo Portas.

E conceda-se que é muito difícil rebater, a não ser nos excessos, a imagem desenhada por Pacheco Pereira, da existência de dois partidos que coexistem com órgãos comuns, tipo Império Austro-Húngaro, associados pelo medo de que separados sejam menos do que a metade do que (ainda) existe.

Quanto ao Alien em pessoa, que andando desaparecido durante todo o fim-de-semana, bem fez sentir a sua presença, tal qual como acontece na história do filme original de Ridley Scott (1979), deixa-se estar, enquanto lhe prestamos o favor de ir falando dele. Mas há algo em Portas que se poderá virar contra ele, no futuro, de uma mesma forma que aconteceu no passado com alguém que Pacheco Pereira muito preza: Álvaro Cunhal.

Parece-me que serão poucos os que ficam indiferentes a Paulo Portas. Por razões que serão muito diferentes do que acontecia com Cunhal, mas o efeito é o mesmo. Sendo idolatrado pelos próximos são detestados pela esmagadora maioria dos restantes. E é esse o drama das ambições de Portas.

O plafond de Cunhal, tal como o do PC, era os 20%, cerca de um milhão de votos. O de Portas será talvez o dos 10%, arriscarei mesmo aumentar até aos 15% para ficar com uma (grande) margem de segurança. Mas os outros 85% sempre o detestarão. Assim como os outros 80% que não foram ao funeral de Cunhal e não disseram nada porque não lhes perguntaram e porque parecia mal...

2 comentários:

  1. O pior é que nos vamos tornando num país de comentadores. Os blogues são um bom exemplo. A dificuldade é arranjar um tema sobre o qual dissertamos. Depois, é relativamente fácil dizer uma laracha, dar um palpite, como este.
    Contudo, este palpite decorre de um texto que, por sua vez, já é um comentário a afirmações de comentadores da Quadratura do Círculo, um trio que mais não faz do que comentar a actualidade política.
    E assim vamos de comentador em comentador, quais bonecas russas intermináveis.
    Ora, do que o país precisa é de homens de acção, daqueles que não se limitam a dizer que é urgente restaurar a confiança, relançar a economia e criar riqueza. Precisamos de quem nos diga como é que isso se faz, que dê o exemplo, que concretize projectos.
    E isso é o mais difícil. Acabaram os homens providenciais, os grandes estadistas, os grandes capitães de indústria.
    Os bons governantes, os mais capazes, fogem para a privada. No suposto poder ficam os tagarelas demagogos dominados pelos grandes grupos económicos, amarrados à carroça da globalização e dependentes das esmolas de Bruxelas.
    Mas para os políticos é bom, o tacho é renovado de 4 em 4 anos, não ganham mal e reformam-se cedo.
    O futuro? Depende do petróleo e do que alguns IRÃO fazer...

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  2. Suponho que seja sinal dos tempos que tanta eficiência das empresas e tanta poupança de custos de mão de obra liberte tanta gente para o sector terciário dos serviços.

    Poderá ser esse excesso de ociosos no sector dos serviços que provoque estes comentários em rodízio (A fala de B que comentou C numa análise de D)?

    Mas lá que os tempos estão mudados, estão. Ontem, os responsáveis pelas iniciativas respeitavam a regra que "o segredo é a alma do negócio". Hoje, a atender no exemplo de Monteiro de Barros, a alma do dito deve estar na fanfarra com que se anuncia que se faz... e que já não se faz!

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