17 setembro 2020

O CANDIDATO QUE NÃO TINHA «NADA» QUE O PUDESSE PREJUDICAR

Quando em 1920, nos Estados Unidos, os membros do partido republicano escolheram o senador do Ohio Warren G. Harding (acima, à esquerda) para candidato à eleição presidencial que se disputaria em Novembro daquele ano, houve quem, entre os dirigentes do partido, lhe perguntasse com toda a frontalidade se ele teria alguma coisa escondida na sua vida pessoal e privada que poderia "desqualificá-lo" de vencer a corrida presidencial. Warren Harding, pediu-lhes, conscienciosamente, algum tempo de introspecção. Numa América tão hipocritamente puritana a avaliar os vícios alheios, ele poderá ter ponderado que mascava tabaco, que jogava poker (a dinheiro), que era um bom bebedor (e a Proibição acabara de entrar em vigor) e que mantinha casos extra-conjugais, não apenas com a mulher de um dos seus amigos, mas também com uma secretária trinta anos mais nova do que ele, de quem tivera, aliás, uma filha. E depois, com o distanciamento com que estas auto-avaliações se devem fazer, Warren Harding terá concluído e respondido: - "Não, acho que não há «nada» por onde possam pegar." É uma história engraçada, mas os republicanos não são assim tão ingénuos: por ocasião da campanha, completam-se agora 100 anos, pegaram na amante casada e pagaram-lhe, a ela e à família, uma longa viagem pela Ásia e pelas ilhas do Pacífico, além de uma generosíssima avença. Nas eleições de 2 de Novembro de 1920, Warren Harding venceu confortavelmente (60% do voto popular, 37 do 48 estados). E, contudo, todos esses segredos que o próprio não considerava importantes se se viessem a saber, tornaram-se conhecidos, e, no final do século XX, o republicano Warren Harding disputava com os democratas John F. Kennedy e Bill Clinton o título oficioso do presidente mais libidinoso que ocupara a Casa Branca naquele século. Contudo, no século XXI Donald Trump levou o conceito a um novo patamar... Este abaixo, que apareceu hoje, é apenas mais um caso de assédio associado a si e sem significativas penalidades eleitorais.

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