06 setembro 2020

O SEQUESTRO MÚLTIPLO DE AVIÕES DE PASSAGEIROS OCIDENTAIS POR GUERRILHEIROS PALESTINIANOS

6 de Setembro de 1970. Neste dia os guerrilheiros da organização palestiniana radical da FPLP (Frente Popular para a Libertação da Palestina) realizaram simultaneamente três bem sucedidos sequestros de aviões de companhias ocidentais tendo falhado um quatro sequestro. O primeiro foi um Boeing 747 da Pan American que foi desviado para o Cairo e que foi dinamitado e destruído logo após o desembarque dos passageiros (primeira imagem). Outro foi um Boeing 707 da também americana TWA. Um terceiro foi um DC-8 da Swissair. Estes dois foram desviados para Dawson Field, uma antiga base britânica na Jordânia que se encontrava praticamente desactivada, onde passageiros e tripulação ficaram à guarda de membros da própria FPLP em terra. O último alvo era também um Boeing 707 da El Al (companhia de aviação israelita), mas aí o assalto fracassou porque o voo levava segurança armada: um dos terroristas foi morto, a outra capturada. No mesmo dia, o líder da FPLP George Habash, apresentou as exigências da sua organização em troca da libertação dos reféns que fizera, nomeadamente a libertação dos guerrilheiros palestinianos presos em Israel e na Alemanha Ocidental, Suíça e Reino Unido por acções anteriores de sequestro de aviões. Durante o decurso das negociações, três dias depois, como reforço de argumentação, um outro avião, um VC-10 da BOAC britânica foi também sequestrado e veio fazer companhia aos outros dois em Dawson Field (é a segunda imagem acima). Três dias passados sobre este último sequestro, no dia 12 de Setembro, a FPLP convoca a imprensa mundial para fazer explodir espectacularmente as três aeronaves (vazias! Mas são 20 milhões de dólares da época em material!) à frente de todas as televisões (abaixo). Lembro-me da cena e do quanto foi impressionante de assistir. Todas estas últimas peripécias se passaram em território jordano e percebendo-se à evidência que as autoridades do país não tinham conseguido interferir no evoluir dos acontecimentos. Em todo o processo e com a cumplicidade de egípcios, sírios e iraquianos, George Habash conseguira radicalizar a luta que opunha as autoridades jordanas aos palestinianos no seu próprio país. Conseguira-o à custa de as humilhar perante a comunidade internacional e as opiniões públicas de todo o mundo. A eclosão do «Setembro Negro» (muito negro para os palestinianos) está em verdadeira contagem decrescente.

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