15 setembro 2020

A BATALHA DE INCHON

15 de Setembro de 1950. Muitos dos grandes planos militares resultam porque são simples. Este, que teve lugar há setenta anos nas praias da Coreia ocidental, resultou precisamente por causa disso mesmo e também, não esqueçamos, porque os Estados Unidos dispunham de uma superioridade quase absoluta de meios marítimos, aéreos, terrestres e anfíbios para o poder concretizar. Depois de a Coreia do Norte ter invadido a Coreia do Sul em princípios de Julho daquele ano, a situação militar estabilizara na forma que se pode apreciar no mapa acima: restara uma pequena região no sudeste da península (assinalada a amarelo), onde o que sobrara das unidades militares sul-coreanas e americanas resistiam ao assalto final do exército norte-coreano. Aquele bastião era valiosíssimo politicamente, porque preservava a presença na península, mas era militarmente destituído de interesse. Atacar os invasores pela retaguarda (seta vermelha) é uma daquelas ideias simples, quase infantil. E fazê-lo junto à cidade de Seul, que constituía o nó de comunicações central por onde os exércitos invasores eram reabastecidos,.a localização ideal para isso. E depois, era preciso ser-se norte-americano, porque só eles dispunham dos meios anfíbios e navais necessários para realizar uma operação desse género: desembarcar umas dezenas de milhares de homens (40.000) em território inimigo.
Auxiliava-os significativamente o «know-how» que eles haviam adquirido em operações similares meia dúzia de anos antes, tanto na Europa (Sicília, Itália, Normandia, Provença) quanto no Pacífico (Guam, Filipinas, Iwo Jma, Okinawa). Aliás, grande parte do maior «hardware» datava ainda dessa época, da Segunda Guerra Mundial. Quanto à operação em si, baptizada de Chromite, não tem grande história. Tomando como referência o que acontecera em Overlord, o número de efectivos envolvidos foi apenas de 1/4 dos que estiveram presentes na Normandia. A superioridade em efectivos dos atacantes era de 6 para 1 (3 para 1 na Normandia). E, como também na Normandia, essa superioridade era multiplicada quando se avaliava o poder de fogo disponível dos dois lados. Onde se notava a superioridade daquele momento em relação a 1944 era na cenografia: Douglas MacArthur cuidava muito mais dessas questões de como aparecia do que Dwight Eisenhower. Nesta fotografia abaixo, de há 70 anos, têmo-lo a supervisionar as operações de desembarque em curso, binóculos na mão, escutando interessado as explicações que lhe prestam. É assim que é um general a sério...

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