12 setembro 2020

O PRIMEIRO E ÚLTIMO VOO DE UM «BOOMERANG» A JACTO

Já se sabe que os grandes conflitos estimulam a imaginação dos criadores de máquinas voadoras. Se, o ano passado, aqui se falou no Herdeiro de Aécio de uma espécie de tijolo alado com meia dúzia de motores sobrepostos, concebido como bombardeiro de longo curso durante e depois da Primeira Guerra Mundial, desta vez falaremos de um boomerang a jacto concebido como caça durante e depois da Segunda Guerra Mundial. A configuração de asa voadora e as vantagens aerodinâmicas do formato são conhecidas desde a pré-história. Os boomerangues dos aborígenes australianos são até mundialmente famosos. Só que o problema de transformar um boomerang numa aeronave pilotada por alguém que viaje dentro dele é o da estabilidade. Se controlar razoavelmente o lançamento de um boomerang é tarefa que requer muito treino, imagine-se a dificuldade de pilotar um, para mais quando não está concebido para girar sobre si... Mas a 12 de Setembro de 1945 já a Segunda Guerra Mundial havia terminado, e os responsáveis da construtora aeronáutica americana Northrop estavam sobre pressão para apresentar resultados a respeito de um projecto ousado denominado XP-79B. Era um caça, com dois motores a jacto, concebido para atacar bombardeiros inimigos. Mas, em vez de usar o armamento tradicional, o método de ataque era directo: as asas eram construídas numa liga de magnésio com as extremidades aceradas e reforçadas para cortar as asas dos aviões inimigos. O que pressuporia que o piloto possuísse um extremo controle da aeronave. Mas, dadas as circunstâncias, há precisamente 75 anos lá teve lugar o primeiro voo do protótipo. Durou 15 minutos: numa das manobras iniciais, o XP-79B começou a girar incontrolavelmente sobre si mesmo e despenhou-se, matando o piloto de ensaio. Desnecessário acrescentar que o projecto acabou ali. Em jeito de consolo, vale a pena esclarecer que a Northrop sempre conseguiu produzir um avião com o formato de asa voadora. Mas tomou-lhe mais quarenta anos de pesquisas e os custos de investigação tornaram o B-2 num avião tão caro que os Estados Unidos apenas possuem 21 no seu arsenal.

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