24 de Abril de 1980. Operação Eagle Claw. O melhor desta operação era mesmo o nome: garra de águia. Obviamente, ainda teria sido melhor se ela tivesse atingido os seus objectivos, ou seja: libertar furtivamente os reféns americanos que os iranianos mantinham captivos em Teerão desde há cinco meses e meio. Só que uma operação destas teria que ser necessariamente complexa, e uma operação desse jaez tem uma terrível propensão a correr mal. E, tendo essa propensão para correr mal, teria sido avisado avaliar as consequências políticas e de imagem de um fracasso. Ou, se calhar, isso foi devidamente avaliado, e houve uma fracturante diferença de opiniões: o presidente Jimmy Carter, apoiado pelo seu conselheiro de segurança nacional Zbigniew Brzezinski, decidiu-se a autorizar a operação, mas isso custou-lhe o secretário de Estado Cyrus Vance, que se demitiu. No terreno, ou seja no Irão e durante a noite, que a operação era obviamente clandestina, as coisas também correram mal. Três dos oito helicópteros de grande porte escolhidos para resgatar os reféns tiveram problemas de funcionamento, o que colocaria problemas de lotação no transporte dos reféns. Carter já autorizara que a operação fosse abortada quando, na evacuação, um dos aviões de reabastecimento colidiu com um dos helicópteros: na explosão e incêndio subsequentes morreram oito militares americanos. No terreno ficaram as carcaças calcinadas das duas aeronaves (acima) e ainda cinco helicópteros CH-53 mais ou menos intactos que os desmoralizados americanos deixaram para trás (dois deles ainda estão ao serviço dos iranianos). Mas, se militarmente fora mau, quando a notícia do fiasco foi conhecida, há 40 anos, aí é que as consequências de imagem se fizeram sentir no prestígio da América, como se pode constatar neste trecho desta reportagem televisiva, feita por uma equipa ocidental, mas com a complacência conivente das autoridades iranianas, logo no dia seguinte aos acontecimentos. A seguir à imagem humilhante dos reféns da embaixada, e numa tentativa precisamente para os resgatar, a imagem mundial da superioridade americana fora novamente arrasada e isso revelava-se muito pior do ponto de vista político do que do militar.
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