É nestes momentos de crise que os dirigentes políticos são avaliados sem dó nem piedade sobre o que fizeram para preparar o seu país para a situação com que agora são confrontados - os países. Ele há países que se compreendem, e dirigentes que são absolvidos, porque dispõem de poucos ou quase nenhuns recursos para alocar preventivamente face a ameaças potenciais. E há outros que não, que dispõem até de imensos recursos e, se agora são apanhados impreparados, devem-no apenas as colossais erros de avaliação feitos no passado. Acresce a isso, no caso concreto dos Estados Unidos, o seu estatuto como superpotência dirigente, e a sua capacidade de instar os seus aliados a ajustarem as suas prioridades em função das suas avaliações. Tudo isto, para além dos custos da própria pandemia, os Estados Unidos vão pagar muito caro. As ameaças estratégicas dividem-se implacavelmente entre aquelas que se concretizam - a microbiologia - e as que não se concretizam - o espaço. Na conjuntura vigente, as primeiras tornam-se numa coisa muito séria e as segundas em brincadeiras de presidentes, almirantes e generais. E, por outro lado, os países aliados da NATO precisam todos desesperadamente de ventiladores, apetrechos que não estão contemplados entre o material classificável como «despesas com a defesa». Simbólico do malbaratar retrospectivo de recursos dos Estados Unidos, mas também do esvaziamento do seu prestígio moral e intelectual, esta notícia de um porta-aviões da US Navy (o género de dispositivo naval que só os Estados Unidos dispõem - onze no total!), que é neutralizado na sua imensa capacidade operacional pelo famigerado covid-19! Os Estados Unidos fartaram-se de despejar dinheiro para prevenir uma guerra que, para já, não vai ser travada. Para a outra guerra que aí está, encontram-se notoriamente mal preparados. Pelo menos pior do que os seus aliados da NATO a quem os Estados Unidos se haviam fartado de dar lições de moral sobre o aumento das despesas com a defesa...
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