18 abril 2020

O GOLO COM O BRAÇO DE VATA: UMA GRANDE ALDRABICE COLECTIVA

18 de Abril de 1990. O Benfica disputa no estádio da Luz a segunda mão da meia final da taça dos campeões europeus contra o Olympique de Marselha. O Benfica apura-se para a final vencendo o jogo por 1-0, com um golo marcado a sete minutos do fim da partida mas marcado descaradamente com o braço pelo seu jogador Vata (imagens acima). E, contudo, o que considero mais chocante é a atitude cúmplice do comentador televisivo (Gabriel Alves), que comenta as imagens da repetição da jogada como se nada ali houvesse de irregular. O árbitro acabara de cometer um erro de palmatória mas, como esse erro favorecia a equipa portuguesa, entre toda a comunicação social portuguesa mandava-se a verdade, a ética e tudo o resto às malvas. Nos jornais do dia seguinte (abaixo), o trocadilho cúmplice era quase uma obrigação na redacção do título da notícia... A sorte deu uma mãozinha. Como se comprova, do ponto de vista ético, o que é aceitável em futebol é vergonhoso - porque nem sequer é sujeito às críticas que se costumam fazer à política.
Do lado francês, diante de tal erro, não se continha a indignação e pululavam aliás as queixas e os apelos à ética desportiva. Tinham razão. Mas em futebol tudo é relativo. Dúzia e meia de anos depois foi a vez da selecção francesa se apurar através de um golo irregular de Thierry Henry, um golo com algumas semelhanças com o que acontecera com Vata: o francês também usou o braço e a mão para acondicionar mais comodamente a bola na pequena área do adversário e torná-la jogável. As imagens mostravam-no: o golo resultante era tão visivelmente irregular quanto o fora o do angolano do Benfica. Mas isso já não parecia ser um problema dos franceses, antes do irlandeses que haviam sido eliminados do campeonato do Mundo de 2010 (abaixo). Note-se que esta segunda parte da história só serve para esclarecer que não tenho pena nenhuma dos franceses, não serve para absolver aquilo que considero ter sido a escroqueria de há 30 anos.

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