15 abril 2020

É IMPORTANTE QUE OS ECONOMISTAS TAMBÉM CONTENHAM UMA ETIQUETA COM O PRAZO DE VALIDADE...

Um dos aspectos mais agradáveis do elenco de 25 economistas que foram ontem consultados pelo primeiro-ministro é que não apareceram na lista muitos nomes sonantes. Há alguns que aparecem, mas a maioria são desconhecidos do grande público. E não há por lá daquelas personalidades que a comunicação social costuma ir auscultar quando destas ocasiões. De que as audiências já ouviram falar porque foram - quase sempre- antigos ministros das Finanças. E que, não raro, se notabilizaram naquele cargo por uma prestação verdadeiramente medíocre - estou-me a lembrar em concreto dos exemplos de João Salgueiro (85 anos) ou de Bagão Félix (72 anos). Mas, neste caso, o governo parece realmente interessado em ouvir realmente as ideias de quem esteja na pujança das suas capacidades intelectuais. E não propriamente em montar uma cenografia, debitando nomes de quem a opinião pública toma por entendidos, apenas por os conhecer da TV e dos jornais. Porque não vi isto feito em nenhum jornal, tentei encontrar as datas de conclusão do primeiro grau académico (a licenciatura) de todos os 25 economistas da lista e, se as fontes que consultei não me tiverem enganado, o resultado é o que aparece exposto abaixo.
É interessante e significativo que apenas um deles tenha concluído a licenciatura ainda na década de 70 (António de Ascensão Costa), o que faz dele o único dos economistas consultados que é ligeiramente mais velho do que o primeiro-ministro seu homónimo. Todos os outros têm a idade de António Costa ou então são mais novos, meia dúzia concluiu as suas licenciaturas durante a década de 80, mas os restantes fizeram-no de 1990 em diante. E 1990 só se torna uma data relevante para a continuação desta narrativa, se recordar os leitores deste poste que foi em Janeiro daquele ano que Miguel Cadilhe (75 anos) deixou de ser ministro das Finanças. 72% dos economistas ontem ouvidos por António Costa licenciaram-se depois disso. É obra que, no dia seguinte ao dessa reunião que acima se descreveu, a agência Lusa, quase como sucedâneo, se incomode a ouvir e a destacar as opiniões de um velho ministro das Finanças que deixou de o ser vai para mais de trinta anos. Estas velhas carcaças da economia e das finanças até podem ter uns egos desmesurados, mas a culpa é de quem lhes dá um palco - ainda por cima quando só vingam para prestações diante de audiências não muito sofisticadas...

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