26 abril 2020

A RENDIÇÃO DO MARECHAL PÉTAIN

26 de Abril de 1945. Muito longe das frentes de batalha ainda activas por essa Europa fora, a pequena povoação fronteiriça suíça de Vallorbe assiste à chegada de um pequeno cortejo automóvel a perturbar a tranquilidade local. Do outro lado da fronteira, do lado francês, a pacatez não é tanta: 150 gendarmes, vindos directamente de Paris, assumiram posições defensivas. A oito quilómetros de distância, na estação de caminhos de ferro de Hôpitaux-Neufs - Jougne, um comboio especial aguarda. O cortejo conduz o marechal Philippe Pétain que até um ano antes fora a figura emblemática da França de Vichy, aclamada pelo povo francês. Mas as vicissitudes da guerra haviam transformado isso tudo: a comitiva que acompanha o marechal é relativamente pequena: o próprio e a esposa, o general Debeney e o almirante Bléhaut e ainda seis empregados. Depois de uma pequena refeição e de acordo com o que ficara estabelecido, às 19H30, o cortejo automóvel retoma o curso em direcção a França. Um pequeno destacamento militar suíço presta as suas homenagens a Philippe Pétain. É nesse momento que a fotografia acima foi captada. Foram os últimos momentos de reverência ao antigo chefe do Estado francês. A recebê-lo do lado francês está o general Koenig, o governador militar de Paris. À chegada da viatura e à saída desta do marechal, saúda-o com uma inclinação deferente e uma continência - «Mes respects, monsieur le Maréchal.» - mas deixa-se ficar em sentido para não corresponder à mão que Pétain lhe estende para o cumprimentar. Em contraste, os gendarmes permanecem na posição de descansar-arma, sem saudar o recém-chegado de acordo com a alta patente que possui. O casinhoto da beira de estrada é o local escolhido para lhe serem lidas as acusações que sobre si pendem. Só depois o cortejo prossegue até à gare, onde toda uma carruagem foi posta à disposição do casal Pétain, não por cortesia, mas por razões de segurança. O comboio arranca às 21H30. Chegará a Paris na madrugada do dia seguinte. O casal ficará detido no forte de Montrouge até ao início do julgamento, que apenas começará dali por três meses (23 de Julho de 1945). Mas isso será toda uma outra história...

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