28 abril 2020

DA ÉTICA DE NIXON À INTELIGÊNCIA DE TRUMP

Miguel Esteves Cardoso admite na sua crónica de hoje no Público que mudou de opinião sobre Trump: «ainda é mais estúpido e vaidoso do que (ele) pensava». Donald Trump é um superlativo e, quando nos surpreende, é por ser um superlativo ainda mais excessivo, um comportamento que precisa ser registado em papel semi-logarítmico. É sempre difícil adivinhar quais os seus momentos que vão ficar registados para a posterioridade, mas a passagem acima recente, em que o presidente americano discorre livremente sobre métodos de tratamento para o coronavírus, parece-me uma boa hipótese. Não propriamente pelo conteúdo científico do que diz - como de costume, não se percebe muito bem sequer o que Trump quer dizer, porque não tem vocabulário para formular as suas ideias com precisão - mas por aquela passagem final - que não aparece no video acima - em que se gaba de perceber de muita coisa. É um momento televisivo que, para mim, rivalizará com aquele em Novembro de 1973 em que Richard Nixon apareceu a afirmar enfaticamente que não era um escroque: «I am not a crook.» Por sinal, como as revelações do Caso Watergate vieram a comprovar, era mesmo um escroque. A vantagem aqui, e como Miguel Esteves Cardoso o descreve, a estupidez e a vaidade de Trump não são um segredo escondido num gabinete da Casa Branca.

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