11 de Agosto de 1918. Desta vez, não se pode pedir aos nossos simpáticos leitores que consigam decifrar o conteúdo do texto abaixo. Trata-se de um texto manuscrito por Lenine para depois ser convertido num telegrama enviado às autoridades bolcheviques da província de Penza. A tradução será como se pode ler abaixo: (nota: kulak era a designação depreciativa dos bolcheviques para os camponeses mais prósperos)
«(Enviar isso para Penza - para os camaradas Kuraev, Bosh, Minkin e outros comunistas de Penza.)
Camaradas! A revolta dessas cinco regiões de kulaks deve ser suprimida sem misericórdia. O interesse da Revolução exige isso, porque temos agora diante de nós a nossa batalha final decisiva contra os kulaks. Precisamos que se dê um exemplo.
1.Enforquem (e certifiquem-se de que o enforcamento seja público) pelo menos uns 100 kulaks conhecidos, aqueles que sejam os mais ricos e parasitas.
2. Publicitem os seus nomes.
3.Confisquem-lhes todas as suas colheitas.
4. Seleccionem reféns de acordo com as instruções do telegrama de ontem.
3.Confisquem-lhes todas as suas colheitas.
4. Seleccionem reféns de acordo com as instruções do telegrama de ontem.
Telegrafem-nos acusando a recepção e a execução do telegrama.
Ass: Lenine
Usem os camaradas mais duros nesta tarefa.»
O teor desse telegrama de que hoje se celebra o centenário é inequívoco quanto à forma implacável como o Lenine genuíno entendia que se devia lidar com as resistências à sua autoridade. Todavia, 50 anos depois (e há cinquenta anos), alguma propaganda comunista criara um outro Lenine moderado e mítico, a que os checos apelavam por ocasião da invasão do seu país pelos soviéticos. Em resposta à presença dos blindados nas ruas de Praga, havia quem pintasse apelos nas paredes, montras ou em faixas, em checo (acima) ou em russo (abaixo), em que se pedia a Lenine que acordasse, porque o seu discípulo, Brejnev, ensandecera. Ingenuidade pura! Comparado com a forma como o seu mentor teria actuado (a fazer fé no telegrama acima), e mesmo que o desfecho tenha sido o que foi, a conduta de Brejnev fora, comparativamente, a imagem da contemporização...
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