A história que vou contar já tem 48 anos. Passou-se na ilha da Armona e a explicação para o que vou descrever compreender-se-á talvez melhor com uma pequena vistoria do vídeo abaixo, as formações arenosas extremamente irregulares - mudam praticamente todos os anos - que caracterizam os bordos da ilha, especialmente na fachada aberta para o oceano. A ilha oferecia duas propostas de praia: uma virada para a ria, de águas mais tranquilas e logo junto ao cais de desembarque, e outra mais custosa, (havia que caminhar um pedaço), até às águas mais batidas da costa. A irregularidade das formações arenosas dessa costa podiam iludir quem não a conhecesse num dia em que, à chegada, estivesse maré vaza. O areal pareceria enorme, o mar permanecia em alguns lagos e reentrâncias, rodeados por penínsulas alguns metros acima do nível das águas. E havia quem se iludisse e que tivesse que regressar apressadamente quando do enchimento da maré. Certo dia, um grupo mais afoito distraiu-se mesmo e, quando deu por ela, o ilhéu onde se haviam instalado - e com todo o aspecto de vir a ficar também submerso - já estava a mais de uma centena de metros da verdadeira praia. Uma centena de metros que o grupo teria que percorrer a nadar. Quem soubesse nadar. Para encurtar uma história de aflições, houve a sorte de ter passado um barco no local para os recolher, quando a cena já estava a ficar mesmo preocupante. Foi um dia de praia diferente para mim, isso é verdade, mas não houve nenhum jornal olhanense ou algarvio que publicasse uma linha sobre o assunto. Para quê? Agora, este mesmo género de episódios têm direito a cobertura nacional(!). Passaram-se 48 anos desde esse dia de Verão de 1970 e, muito provavelmente, centenas de episódios bastante semelhantes terão ocorrido. Agora há alguns deles que passaram a ser noticiados. E a pergunta permanece: Para quê? (O porquê percebe-se: é que agora há uma Autoridade Marítima interessada em promover a sua actuação.)
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