06 agosto 2018

A MORTE DO PAPA PAULO VI... E DOS GERONTES EM CARGOS DE DESTAQUE


6 de Agosto de 1978. Há precisamente 40 anos, os grandes órgãos de comunicação de todo o Mundo ocidental anunciavam a morte (previsível) do papa Paulo VI, depois de um pontificado de 15 anos e uma doença terminal. As imagens acima são do momento desse anúncio no telejornal da RAI italiana. E a imagem abaixo é da capa de um jornal comunista português da altura, dando à morte do papa o destaque de um sexto da primeira página. Os tempos haviam evoluído para que a morte dos titulares de cargos em funções se tornasse um acontecimento cada vez mais raro. As democracias procediam naturalmente à renovação do pessoal eleito. Os ditadores dos regimes dos bons velhos tempos já haviam morrido - o último caso acontecera com Franco em Novembro de 1975 (mais abaixo). Os monarcas ainda morriam no seu posto, mas o seu papel político passara a ser meramente decorativo. O que restava era mesmo notícia porque resultava de acidentes, atentados ou problemas de saúde súbitos.
Quanto às mortes dos gerontes ainda em cargos de destaque, a segunda metade daquela década de 70 revelou que, com essa categoria e com uma morte macambúzia digna de destaque, apenas restavam os papas em Roma... e os secretários-gerais do partido comunista de Moscovo (a terceira Roma). Aliás, do ponto de vista estritamente jornalístico, o exemplo do espaço de primeira página dedicado pelo Diário de Lisboa a cada um dos óbitos dessa época exibe à evidência para onde iam as fidelidades religiosas daquele jornal. Compare-se a visibilidade dada à notícia da morte de Paulo VI (o tal sexto de página) com as que vieram a ser dadas, em robusta meia página, às de Brejnev (1982), Andropov (1984) e Chernenko (1985). E contudo, mesmo contando que já há «apenas dois milhões de católicos praticantes em Portugal» (2010), isso é sensivelmente o dobro do máximo dos votos que os comunistas alguma vez receberam no nosso país...

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