Foi só a Jaime Gama que o denominaram de peixe de águas profundas, mas há vários aspectos a ligá-lo a Luís Amado. A começar pelo facto de ambos terem sobraçado a pasta dos Estrangeiros (entre 1997 e 2002 deu-se até a curiosidade de Gama ser o ministro e Amado o secretário de Estado do pelouro), ambos são insulares que vingaram no continente (Gama é açoriano e Amado madeirense) e ambos costumam ser conotados com a facção mais centrista do PS, aquela que, por discordante, tem andado desaparecida durante este último ano de vigência da Geringonça. Mas é por isso mesmo que vale a pena assinalar a coincidência de duas entrevistas radiofónicas, quase encadeadas, daqueles dois vultos pensadores socialistas: Jaime Gama no passado dia 23, Luís Amado hoje, dia 26. Não surpreende que tenha havido uma grande identidade de opiniões. E, por muito que ambos se proclamem afastados da política activa, também não se pode menosprezar a coincidência do timing das entrevistas, como se as suas leituras do ciclo político fossem coincidentes, a intuição de que após a consagração com o défice histórico da democracia portuguesa, mais a confiança dos participantes na Geringonça crescerá, e pior se anunciam a obtenção de equilíbrios políticos e o futuro para António Costa e a ala esquerda do PS. Entrevistas que, ainda a lembrarmo-nos do famoso peixe submerso, se assemelham ao assomar à superfície do periscópio para observar em que param as modas. Ou isso, ou então calhou a Antena 1 dedicar esta quinzena a entrevistar socialistas e se calhar para a semana é a vez a Francisco Assis...
Sem comentários:
Enviar um comentário