Haverá cerca de uns 70 anos, senão mesmo um pouco mais, a separar a mais antiga da mais recente destas três fotografias, todas elas de um curso de finalistas do Colégio Militar e tiradas no mesmo (e tradicional) local para as fotografias de conjunto: as escadarias da enfermaria (a enferma). A mais antiga foi tirada na década de 1930, a intermédia a meio do intervalo temporal, algures na década de 1970, e a mais recente pertencerá a um curso do Século XXI. Que melhor pretexto combiná-las para aflorar da tradicional maneira higienizada o tema da intemporalidade do Colégio Militar?...
É uma das formas de analisar este encadeamento de fotografias. Uma outra poderá ser a de valorizar o crescente formalismo atribuído à ocasião pelos fotografados, até à fotografia mais recente, em que a categoria da graduação de cada um (exibida no colarinho) parece determinante para o lugar que ele ocupa na foto - os mais importantes à frente, os outros mais para trás. O espírito colegial, mesmo na sua intemporalidade, não poderá (nem deverá) permanecer impermeável aos valores da sociedade onde se insere, em que a importância crescente em estratificar, mesmo entre iguais, é um deles.
Neste dia 3 de Março, em que o Colégio Militar completa 214 anos gostaria de deixar expresso que, compreendendo que esse seja o espírito actualmente prevalecente no Colégio Militar, espero que se compreenda reciprocamente quanto esse espírito não é o meu. As graduações do 8º (antes 7º) ano não têm (nunca tiveram) a seriedade desproporcionada que ora lhes vejo a serem atribuídas. Tivessem sido realmente importantes e aquele que foi, durante o ano lectivo 1939/40, o furriel nº 92 não seria o venerando conselheiro de Estado Eduardo Lourenço, perdido algures na primeira fotografia...
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