07 março 2017

ACHADOS E PERDIDOS

Para quem se tenha precipitado a ler o título, chame-se a atenção que estes achados e perdidos são coisa moderna e nada têm a ver com os tradicionais perdidos e achados das secções onde pululavam os chapéus de chuva e outros adereços que as pessoas iam deixando esquecidas pelos locais por onde passavam. Nesta época digital em que há uma riqueza pletórica de informação e também de opinião, deixou de ser importante achar, porque há sempre alguém que tem aquela opinião, por muito bizarra que seja. O que é importante é, quando encontrada, promovê-la, porque, caso isso não se faça, ela acaba perdida. E perdida ela torna-se inútil, confira-se o exemplo abaixo, bem recente, mais um a propósito da (des)construção europeia.
Quem é o senhor que acha? Paul Magnette é um político belga francófono de 45 anos, membro do partido socialista, actualmente ministro-presidente da Valónia e burgomestre da cidade de Charleroi. Academicamente, é considerado «especialista da constitucionalização da União Europeia e das teorias da democracia». O que só confere outra respeitabilidade à sua opinião eurocéptica, expressa o mês passado por ocasião do 25º aniversário do Tratado de Maastricht. Claro que para um jornal como o Le Monde, que faz eco das suas opiniões, o que interessa são os cabeçalhos e as buzzwords, como a de que, depois do Brexit, se deve seguir um Polexit, um Hungrexit, um Rumexit ou um Bulguexit (no mapa abaixo). Mas o corpo da notícia desenvolve algo mais as opiniões eurocríticas do belga, que têm a particularidade de não poderem ser imputadas a alguém de extrema-direita... ou então não.
O que se constata é que a ressonância na comunicação social de tais opiniões, que adivinhamos que teria sido outra caso fossem as opiniões vindas de Marine Le Pen, Nigel Farage ou Geert Wilders, acabou perdida algures, já que os seus ecos passaram desapercebidos pelo resto do continente, com excepção, claro está, dos países directamente visados pela sua expulsão virtual. E do seu próprio país, evidentemente, onde o primeiro-ministro belga, o comparou - por muito socialista que Magnette se reclame - a Marine Le Pen. Não se pode dizer que o debate sobre a Europa seja muito substantivo e elevado mas o que aqui se descobre é que nem sequer aberto é.

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