São duas notícias da Euronews, ambas sobre acontecimentos da passada semana em Paris, há 48 horas a separá-las, mas o restolho noticioso que as duas provocaram não é comparável. É verdade que a de cima apenas provocou um ferido, enquanto que a de baixo provocou um morto. Todavia, se fosse o saldo de mortos a contar para a grandiosidade da divulgação das notícias, a do aeroporto de Orly teria sido desalojada pelos incidentes registados à porta de uma discoteca de Lisboa no mesmo dia e que provocou dois mortos; ora esta última nem chegou a saber-se em Badajoz... Não será isso, há todo um outro critério noticioso, confuso e que nos parece irracional, que aqui se articula para conferir uma visibilidade que parece desejada para a segunda notícia (a acção inconsequente do tresloucado radical de Orly) mas indesejada para a primeira (a do receptor da carta armadilhada na sede parisiense do FMI). Podem grupos radicais, neste último caso, começar a lembrar-se de mandar mais cartas armadilhadas - e, desta vez, potentes - para alguns destinatários que coleccionam antipatias por essa Europa fora. É que, por muito que não se endosse a prática do terrorismo, ao ler opiniões como a de que os países da Europa do Sul gastaram o dinheiro em álcool e mulheres, só por hipocrisia a opinião pública dos países visados pelo infeliz comentário vai ficar muito contristada se acontecer alguma coisa desagradável ao autor...
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