25 novembro 2016

SOBRE A «ASTROLOGIA» POLÍTICA

O último caso tem escassos dias: as sondagens das eleições primárias do centro-direita francês davam Juppé e Sarkozy como favoritos para a disputa eleitoral, quando o vencedor veio a ser, folgadamente, François Fillon. Caso mais do que justificado para Ordralfabétix ameaçar arriar com um enorme robalo nas trombas das empresas de sondagens francesas, cuja corporação mundial tem tido, aliás, um ano para esquecer pela exuberância dos erros: ele foi a galga do Brexit em Junho, complementada com a vitória de Donald Trump já nos princípios do corrente mês. Como disciplina científica, a reputação das empresas de sondagens afundou-se até a um nível equivalente ao dos consultórios da Maya ou do professor Karamba. Fosse a preocupação principal a credibilidade da indústria e esta seria uma excelente ocasião para que ela fizesse uma reavaliação de processos e um período de nojo. Porém, sintoma de que a preocupação fundamental da publicitação de sondagens não será a informação dos leitores, antes a formação da opinião dos eleitores, hoje somos brindados com uma nova sondagem (veja-se abaixo). Pode ser aquilo que eles lá dizem, mas também pode ser que a ascensão do PS se deva ao facto de António Costa ser um nativo do signo câncer, com ascendente num outro signo qualquer...

1 comentário:

  1. Permita-me acrescentar um outro grupo de empresas de sondagens em que a performance de 2016 justificaria um robalo na cara: as espanholas.

    Na passada eleição de 26-J, persistentemente anunciaram o fim político do PSOE prevendo em quase todas as sondagens votações abaixo das da coligação do Unidos Podemos:
    https://es.wikipedia.org/wiki/Anexo:Sondeos_de_intenci%C3%B3n_de_voto_para_las_elecciones_generales_de_Espa%C3%B1a_de_2016

    Acontece que acabou por ser "¡una mentira gorda!" - o PSOE manteve-se a segunda força política e Pedro Sanchéz acabou a noite com uma aura de vencedor por ter derrotado os "sondeos" que "la liaran gorda", apesar de ter tido os piores resultados em democracia dos socialistas.

    Diga-se contudo que nada disto impediu o mesmo Sanchéz de ser escorraçado do partido escassos meses mais tarde.

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