Concordo que é um pouco absurdo vir para aqui escrever sobre livros que não se leram nem se tem a intenção de ler. O que normalmente se faz é comentar os que se lêem. Só muito excepcionalmente acho pertinente aquele comentário, que se consagrou e está hoje banalizado, do «não li e não gostei». Mas, se abri excepção para estes dois casos é em homenagem à eficácia que nos é transmitida pelo conteúdo das capas.
Se (quase) todos apanhámos um melão com o desfecho das eleições presidenciais norte-americanas, um livro como o de cima mostra-nos que no campeonato das cucurbitáceas houve quem se tivesse destacado pelo volume da sua. A obra de Raquel Vaz-Pinto e de Bernardo Pires de Lima parece ter sido elaborada a preceito e com tempo: o livro foi publicado ainda em Setembro, antevendo o que iria passar. Mas na malfadada madrugada de 9 de Novembro, e à medida que os resultados iam sendo conhecidos, o livro perdeu o interesse previsto e transitou rapidamente da secção da ciência política para a de ficção histórica. Azar o de quem lhe profetizou muitos anos de vida...
E por falar em ficção histórica, e ainda a respeito das repercussões da eleição de Donald Trump e o seu impacto pelo Mundo fora, há aquele segredo britânico de dar piruetas de 180º acompanhados da pretensão de que foi o resto do Mundo que se virou ao contrário. Celebram-se ainda as bodas de diamante do período da Segunda Guerra Mundial em que o Reino Unido se limitava a resistir, existindo, contra a hegemonia da Alemanha no continente europeu (Junho de 1940/Junho de 1941) mas a nota de rodapé do livro acima é antológica a respeito desse género de atitude: Como é que a Grã-Bretanha esmagou os sonhos da máquina de guerra alemã em 1940 (!).
Vão ver que há de aparecer um inglês a explicar que em Inglaterra já havia quem pensasse o que o Donald Trump pensa(?!) antes de o ter pensado...
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