Ainda há pouco, dirigia-me para o carro estacionado, quando me deparo com uma senhora passeando dois cães, estranhamente aparcada do (meu) lado do condutor. Um compasso de espera, para que a senhora se apercebesse que me estava a bloquear, enquanto eu espreitava a ver se algum dos bichos não estaria a regar sanitariamente pneu e jante, até a senhora se aperceber da minha presença e eu aperceber-me que a obra era outra, pela posição inconfundível de um dos bichos. Aflitivos pedidos de desculpa até terminar a arqueação e a senhora civicamente se dobrar para apanhar apressada e stressadamente o produto daquela nossa espera. O cão impávido e indiferente ao incómodo que causara, qual nababo indiano. O outro cão implacavelmente solidário, qual sindicalista da CGTP. A língua portuguesa possui a expressão vida de cão mas a modernidade tê-la-á transformado numa felicidade quando comparada com a vida de dono de cão.
Uma pérola!
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