31 março 2014

OS RETORNADOS E OS QUE NÃO RETORNARAM

Mesmo tendo-se iniciado por um processo impecavelmente democrático, a História posterior do Zimbabwe independente sob o poder político da ZANU e de Robert Mugabe mostrou como parece ser impossível manter-se o estatuto económico privilegiado de uma minoria branca sem a protecção do poder político: de um máximo de 275.000 nas décadas de 1960 e 70, a minoria de zimbabweanos de ascendência europeia reduziu-se actualmente a umas 30.000 pessoas. São números semelhantes, senão mesmo inferiores, às dos moçambicanos e angolanos da mesma ascendência, apesar dos processos de independência destes últimos países terem sido muito mais atribulados, tendo provocando inclusive um êxodo brusco de muitas centenas de milhares de pessoas (abaixo). Durante anos, esses que vieram quiseram acreditar na ficção que só o fizeram por causa do fracasso na forma como decorrera a descolonização portuguesa. Mas manda a honestidade intelectual reconhecer, consideradas as analogias entre o exemplo posterior do Zimbabwe com o de Angola e Moçambique, o quanto essa crença estava errada. As circunstâncias e o ritmo poderiam ter sido diferentes mas o desfecho final não. (A fotografia inicial foi tirada no Zimbabwe em 2000, 20 anos depois da independência)

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