Ricardo Araújo Pereira tornou-se num sucesso social estrondoso. Nestas suas últimas aparições, ele já mal consegue articular três frases encadeadas antes da assistência não se desatar logo a rir. Contudo, apesar da popularidade da sua mensagem parece-me que há quem continue obtusamente a protagonizar reproduções fiéis de alguns dos seus quadros mais célebres, daqueles onde se critica ferinamente aquilo que de mais ridículo existe na sociedade portuguesa. E o auditório continua a aplaudir veementemente...tanto a caricatura quanto o original.
Tomemos para exemplo o vídeo acima, aquele famoso quadro intitulado o homem a quem parece que aconteceu não sei o quê. É um monólogo que dura quase um minuto e meio e onde o protagonista se mostra profundamente indignado por algo que não se chega a perceber do que se trata por falta de concretização. Comparemo-lo agora com um outro vídeo televisivo, a participação de um convidado num canal informativo quando o tema a debater é o da corrupção.
O convidado é um fiscalista chamado Tiago Caiado Guerreiro que mostra desde o princípio ter as suas opiniões muito vincadas sobre aquele assunto. Parece um sucesso! E todavia, repare-se como, ao longo dos quinze minutos que a entrevista dura (ou seja, dez vezes mais que o monólogo anterior), nos exemplos que deu, nos casos que citou, nem uma só vez o ouvimos nomear concretamente um indivíduo corrupto que fosse, que tivesse sido julgado e condenado como tal. É que citar os nomes dos corruptos julgados e condenados é, em si, uma forma descomplexada de distanciamento, de condenação cívica e de sanção social!
Se a corrupção for perpetrada não se sabe bem por quem, não por Isaltino Morais, Nuno Cardoso, Fátima Felgueiras, Costa Freire (nomes de condenados), e nos abstivermos de condenar os corruptos publicamente pelos seus actos, então há que dizer ao Tiago Caiado Ribeiro que já estamos servidos de combatentes contra a corrupção - olhem, como o João Cravinho, de que se lá fala na entrevista…
Pois é, o Tiago Caiado não nomeia um só corrupto porque sabe que o difícil é fazer prova em tribunal.
ResponderEliminarNão é que não estejamos bem servidos deles -- há-os de todas cores!
Está a ver o que fizeram ao Rangel?
Não, não estou a ver o que fizeram ao Rangel.
ResponderEliminarAliás, este poste é precisamente contra essas afirmações de sujeito indeterminado. QUEM precisamente ou QUEM provavelmente terá feito o quê ao Rangel?
Ter-lhe-ia custado assim tanto, ao Tiago Caiado, mencionar no fim da sua intervenção o nome de Rui Mateus? (Penso que seja a ele que se refere como o arrependido do caso do fax) Ou relembrar que havia um grupo, baptizado de "grupo de Macau", que gravitava à volta da presidência da república?