Gostaria de deixar previamente claro quanto os dois protagonistas desta constatação são os menos dignos de censura pela conclusão que dela se extrai. Na fotografia da esquerda acima temos um Manuel Alegre muito jovem, à direita um Jaime Nogueira Pinto também por essas idades. O primeiro desde há imensos anos que tem sido uma vítima repetida da extrema-direita nostálgica que o acusa de ter desertado no Ultramar, algo que já foi repetidamente desmentido. Ironicamente, foi o segundo, expoente intelectual das áreas ideológicas dos acusadores mais veementes do primeiro, quem já assumidamente confessou ter desertado quando cumpria serviço no Ultramar, curiosamente na mesma região (Norte de Angola) onde o outro fora acusado de o ter feito e por razões (perseguição política) que o primeiro também invocou para partir para o exílio. Mas ninguém está a ver aqueles que se encarniçam contra Manuel Alegre, fazerem-no contra Jaime Nogueira Pinto, pois não?...
Em jeito de remate, ouça-se O Desertor, escrito por Boris Vian, composto e cantado por Serge Reggiani, que dedico sobretudo à esmagadora maioria dos que não desertaram mas em atenção aos que o fizeram, com uma nota adicional chistosa dedicada àqueles que desertaram posteriormente à guerra... mas de pensar e de avaliar proporcionadamente a questão depois de tantos anos passados. A cegueira política não torna apenas as pessoas injustas, estupidifica-as.
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