Apesar de profusamente coberto, ainda há fotografias do funeral de Salazar (Julho de 1970) que nos podem surpreender: junto aos Jerónimos, diluídos entre a assistência, um pequeno grupo de indefectíveis saúda de braço esticado o féretro do antigo ditador de partida para Santa Comba Dão. Surpreende porque, ao contrário do que viria a acontecer no funeral de Franco dali por cinco anos, Salazar deixara há muito (desde que ficara mentalmente incapacitado quase dois anos antes) de ser uma figura importante nos jogos das facções que disputavam a sua sucessão. Os carreiristas pouco ganhariam em assim se manifestar, quem o fazia fá-lo-ia por uma genuína deferência pessoal para com o ditador. Não era imagem que interessasse publicitar ao poder (marcelista) da altura, não é imagem que se tornasse interessante publicitar depois, a de que Salazar era um ditador que podia suscitar simpatias populares. Até Jaime Nogueira Pinto o ter feito ganhar um concurso de televisão.
Sem comentários:
Enviar um comentário