Embora proclamada na teoria, a igualdade dos géneros não marcou a história do marxismo-leninismo. Entre os grandes dirigentes históricos do movimento há pouquíssimos exemplos de mulheres a destacar: a alemã Rosa Luxemburgo (1871-1919), a espanhola Dolores Ibárruri (1895-1989) e a romena Ana Pauker (1893-1960)¹. Esta última, será talvez a menos conhecida das três, mas foi ela que a revista Time considerou a mulher mais poderosa de então quando publicou um extenso artigo a seu respeito (acima) em Setembro de 1948. Nas disputas internas entre duas facções, as dos comunistas que haviam permanecido na Roménia como prisioneiros políticos e as dos que se tinham exilado em Moscovo entre 1930 e 1944, Ana Pauker encabeçava a última, tida por mais conforme os desejos de Estaline. Foi uma ironia histórica que a última paranóia de Estaline assumisse um carácter vincadamente anti-semita e que Ana Pauker (de origem judaica) se tornasse uma vítima dela, tendo sido demitida dos cargos políticos e governamentais que ocupava (ministra dos Negócios Estrangeiros) em Maio de 1952. Presa em Fevereiro de 1953 só a morte de Staline um mês depois a terá livrado de um destino mais do que previsível: um espectacular julgamento público onde confessaria tudo seguido de execução. Prisioneira desde então, teve a sorte de morrer na cama descalça, algo que não chegou a acontecer com Nicolae Ceaușescu…
¹ Generosamente poder-se-ia acrescentar ainda o nome da russa Alexandra Kollontai (1872-1952) à lista. Mas serão sempre poucos exemplos entre muito mais de uma centena de nomes masculinos.
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