Parece-me significativo que a Lusa tenha repuxado uma notícia com a opinião do ministro das Finanças irlandês sobre a extensão das condições financeiras
da Grécia ao seu país para reforçar a de Vítor Gaspar. Como seria de esperar,
por cá não se conhece Michael Noonan. Tem 69 anos, é um político naquela
tradição anglo-saxónica que já o fez sobraçar as pastas da Justiça, da Indústria
e Comércio, da Saúde e agora das Finanças. Tendo já feito de tudo um pouco é
conhecido também por ser um bronco: há seis meses gerou um sururu ao
comentar numa entrevista televisiva que o conhecimento dos irlandeses sobre a Grécia se limitava a identificá-la como um destino de férias e ao queijo feta.
Estaria o ministro a falar pessoalmente?…
Creio porém que o grande problema não é de sofisticação intelectual dos
governantes, mas o da confiança dos governados neles. Excluídos à
partida as figuras destacadas dos grandes países da União – que ainda há um par
de anos contribuíam para o financiamento de um TGV (ou pelo menos não os ouvi
então dar os conselhos públicos sobre o que devíamos fazer como agora dão) – resta-nos a solidariedade
cúmplice dos enrascados: espanhóis, irlandeses, gregos. E não deixa de ser significativo
da confiança política de que este governo dispõe domesticamente quando se
socorre deste expediente mediático de evocar a opinião de um burgesso irlandês que
nem sabemos quem é para robustecer a decisão de Vítor Gaspar. Esse conhecemos...
Vale a pena esclarecer que não tenho opinião sobre a decisão se deveríamos ou não beneficiar das mesmas condições financeiras concedidas à Grécia. Mas asseguro que não vai ser Vítor
Gaspar que ma vai formar…
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