A propósito do debate entre candidatos democratas que ontem teve lugar nos Estados Unidos, lembrei-me de ir recuperar este poste, já com 13 anos e meio, de um blogue das redondezas. Aborda a questão das eleições presidenciais americanas de 2008, quando elas estão ainda a dois anos e meio de distância. A conclusão, a de que John McCain era «o político mais bem colocado para suceder a George W. Bush como presidente dos EUA» é, observada a esta distância, ridiculamente cómica, quando conhecemos o desfecho das eleições. Mas mais interessante é constatar que as possibilidades de eleição de Barack Obama nem ali foram consideradas. Uma das maneiras mais eficazes de formatar a opinião pública consiste em formatar os cenários como as induzem a pensar, enquanto seleccionam as premissas do problema. No caso concreto acima, o leitor é convidado a pensar que, mesmo a mais de dois anos e meio das eleições, todos os candidatos relevantes para a disputa da eleição presidencial já são conhecidos. O que, como se constatou neste caso com Obama, é mentira. De notar, no último parágrafo, a preocupação recorrente na opinião publicada americana com o esquerdismo/radicalismo dos candidatos democratas, que é apontado sempre como óbice ao seu sucesso. E repare-se como, em contraste, para as eleições de 2016 quase não se deu por tão veemente argumento quando invocado em simetria em relação ao radicalismo/populismo republicano no caso de Donald Trump durante as primárias republicanas... Veja-se agora que, nos dias que correm, a conversa do esquerdismo excessivo foi transferida de Hillary Clinton para Bernie Sanders e Elizabeth Warren! Mas isso é levar estas coisas a sério, quando o que aconteceu ontem à noite na América foi apenas mais um show para televisão...
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