Começo por confessar que considero o exercício de acompanhar as contratações e rescisões do plantel de uma equipa de futebol como um exercício e um esforço gratuitos. Estúpido mesmo. No vastíssimo leque de actividades imbecis e supérfluas a que se dedicam os profissionais da indústria conglomerada à volta do pontapé na bola, esta actividade é uma das que leva a palma da inutilidade. Ao ritmo a que se processam as contratações, rescisões, cedências e empréstimos, não há tempo (nem paciência, nem empenho) para que os adeptos fixem a constituição do plantel do seu próprio clube, quanto mais os dos adversários! As excepções a essa regra são poucas, constituídas normalmente pelas estrelas do plantel, e porque são transaccionadas por muitos milhões. É um assunto a que os produtores dão muita atenção (porque ocupa espaço de papel ou tempo de antena) e a que os consumidores não dão atenção nenhuma. Mas é isso que torna mais significativo eu ter tomado boa nota da chegada de Jefferson ao Sporting, a ponto de o querer homenagear nesta hora da despedida. Aquele jogador, que até foi contratado a um preço modesto, e ao contrário de centenas de outros, que dizem - quando dizem - todas aquelas banalidades no momento da assinatura do contrato, mostrou, mais do que por palavras, por actos que chegara a Alvalade cheio de gás. E isso fez toda a diferença: um sonoro traque, oportunamente largado na cerimónia de apresentação aos sócios há seis anos, enquanto Bruno de Carvalho falava, levou-o a uma popularidade no seu país de origem (Brasil), a que ele dificilmente poderia almejar se tivesse conseguido guardar o peido para o soltar em local mais discreto. Assim se vê como, neste mundo do futebol, um olho do cu incontinente consegue projectar a notoriedade de um jogador muito mais do que a sua disciplina táctica em campo. E fiquemo-nos por aqui, rindo do absurdo. Porque, se fosse para falar a sério, e ainda a propósito desta rescisão de Jefferson, apetecia-me perguntar que racionalidade económica e desportiva consegue explicar o facto de, ainda há quatro anos terem avaliado o jogador por 45 milhões de euros (é o valor da cláusula de rescisão do seu contrato) para agora o despejarem com proveito zero... Mas não é preciso responder. Trata-se apenas de um exercício em que pretendo demonstrar que (este) futebol é para escroques e estúpidos.
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