24 setembro 2019

LIÇÕES DE SOCIAL DEMOCRACIA DE ALGUÉM QUE «ANDAVA ARMADA», MAS QUE PUNHA BOMBAS APENAS COMO «HOBBY»

Abrir um jornal e ler a alguém como Isabel do Carmo, ainda que de passagem, a dar lições de como os jornais «devem fazer a história e descrever as mutações da expressão social-democrata» (ao centro deste texto) é um exagero do desplante, a mostrar que a habilidade de comunicar assim não é um exclusivo dos radicais da extrema direita, no estilo Trump. Mostra ingratidão até, aquela que a comunicação social tem tratado com tanta indulgência, uma espécie de socialite exótica (num tempo de PREC em que as genuínas estavam desaparecidas...), com a particularidade de andar com pistolas em vez de baton e de caixa do pó-de arroz. Fossem quais fossem os adereços, tudo não passaria afinal de uma questão de cosmética, como se deduz das suas palavras na entrevista acima... Aliás, uma associação de armeiros portugueses - uma NRA portuguesa, por assim dizer - dificilmente encontraria melhor slogan em prol da venda livre de armamento entre nós, considere-se aquela frase do título: afinal, a intenção «de matar alguém» é que conta...
Mas, regressando às suas palavras do artigo de hoje, Isabel do Carmo também terá o conforto de saber que «os meios de comunicação» não irão «tristemente» «pegar» na tal »expressão "social-democrata"» ou, pelo menos, não o farão com a profundidade de a vir a interpelar a ela, mais a organização que dirigiu e que a tornou famosa, o PRP-BR, a propósito daquilo que ela acima designa por «derivas com significado», dos tempos em que, para ela, os «sociais-democratas eram os cúmplices das manobras imperialistas» conforme se pode comprovar por este cartaz abaixo da organização, convocando para uma manifestação do 1º de Maio (1975). Observando o assunto com distanciamento, pode dizer-se mesmo que há ali uma certa atitude casual chic, de quem não se mistura com certo género de pessoas: «o PRP-Brigadas Revolucionárias não se manifesta com o P.P.D. e o P.S.» Desde esses tempos até à actualidade, em que Catarina Martins e o Bloco de Esquerda se reclamam da social democracia, e como «mutação», reconheça-se que é uma «mutação» e peras!

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