07 setembro 2019

A «OFENSIVA» DO SARRE

7 de Setembro de 1939. Grupos de reconhecimento pertencentes aos III, IV e V exércitos franceses atravessam a fronteira alemã a oeste dos Vosgos, em frente de Sarrelouis, de Sarrebrück e de Deux-Ponts. O objectivo da ofensiva é aliviar a Polónia, obrigando o exército alemão a voltar-se para a frente ocidental. Tudo não passa de uma magnífica encenação, destinada a alimentar a frente política interna francesa (e não só, leiam-se acima as notícias do dia em Portugal) e sem qualquer impacto nas operações a sério, a decorrer simultaneamente na Polónia. A farsa percebe-se pela comparação dos dois mapas, o de cima e o de baixo (detalhando e avaliando as operações), com a imprecisão e a escala do mapa do jornal a esconder a exiguidade do avanço pomposamente anunciado pela notícia que o acompanha. A resistência alemã destacou-se pela falta de empenho na defesa do solo pátrio, e a ofensiva francesa pela falta de empenho na dinâmica ofensiva para objectivos mais importantes.
Manda a verdade reconhecer que, pelos ritmos da Guerra de 1914, esta ofensiva ao quinto dia de mobilização é uma atitude respeitável dos franceses. Os exércitos concentravam-se por detrás das trincheiras e é só depois dessa concentração ter lugar é que, sob a indispensável cobertura da artilharia, se desencadeia a ofensiva. O ritmo da progressão também é o mesmo dos ritmos da guerra anterior: uma meia dúzia de quilómetros conquistados em território alemão (assinalados no mapa acima pela mancha às riscas). Tudo isto é ridiculamente pouco quando se justapõe à ferocidade como, ao mesmo tempo, se combate na Polónia. Em 1939 tudo mudara e muita gente ainda não percebera. E a caricatura bem se pode sintetizar nesta fotografia abaixo, de uns soldados franceses que se passeiam de mãos nos bolsos diante de uma pensão (entaipada) situada algures num vilarejo de fronteira do lado alemão, que eles acabaram, aguerridamente, de conquistar.
Quando por ali passei, aquela que viria a ser denominada (não apenas por esta ofensiva, mas por toda a atitude adoptada pelo alto comando franco-britânico) por «Paródia de Guerra», foi por mim celebrada com um «chocotat chaud aux menthe», tomado em Sarreguemines (ver mapa acima), em jeito de reforço de meio da manhã e que me soube como mais nenhum outro. Pensando ainda na Gasthaus da foto acima e no meu «deambular sem fronteiras», não poderia deixar de a associar à incrível banheira - um prodígio da tecnologia do banho! - que vim (viemos) a encontrar num estabelecimento equivalente num outro vilarejo mas da Alsácia, do lado francês da fronteira.   

1 comentário:

  1. Foi dos melhores hotéis da viagem!
    Isto de viajar com um guia particular não é para qualquer um(a)!

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